Baixa qualificação profissional tem sido mais um fator a contribuir com o desemprego no País



A baixa qualificação profissional contribui fortemente para os indicadores de desemprego, cuja taxa se encerrou em 12,8% no segundo trimestre. Se mesmo nos tempos de bonança eram raras as medidas públicas com o objetivo de formar trabalhadores bem preparados, em momento de crise econômica, é quase nulo o auxílio para aumentar a capacitação profissional dos que estão fora do mercado de trabalho. O número de pessoas desempregadas há mais de dois anos cresce expressivamente, enquanto os programas para a reciclagem desse contingente, a fim de adequá-lo às demandas das empresas, não se realizam de modo a encurtar o tempo de espera nessa fila.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, quase metade dos trabalhadores (43%) tem somente até o Ensino Médio incompleto. O levantamento revela também que 23% possuem apenas o Ensino Fundamental incompleto. A partir do momento em que tais grupos permanecem longe do trabalho por largo período, a já precária qualificação fica mais comprometida. Quando inexistem iniciativas voltadas, por exemplo, a oferecer cursos gratuitos ou a baixo custo que os façam aprimorar suas habilidades, não há como proporcionar a eles chances ao almejado retorno ao mercado formal.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi de 21,7% o salto notado entre o primeiro e o segundo semestres de 2017 na parcela de profissionais que estão em busca de vagas há pelo menos dois anos. O percentual significa que um em cada cinco desempregados se encontra nessa situação. Em números absolutos, equivale a 2,9 milhões de pessoas. Este é o maior patamar alcançado desde o início da série histórica da pesquisa e representa o dobro do total registrado em 2015, quando a economia começava a apresentar os primeiros sinais de deterioração.
Tal fenômeno é comum após longos períodos de instabilidade. Nos Estados Unidos, mesmo com a taxa de desemprego de 4,4% em agosto e a economia em plena expansão, 24,7% dos trabalhadores não superaram os efeitos da grande recessão em 2008 e estão à procura de vaga há 27 semanas ou mais. Lá, a recuperação ocorreu com base numa infinidade de regulamentações financeiras, além de estímulos federais. As ações de investimento em infraestrutura, no entanto, foram escassas e poucas consequências produziram no combate às desigualdades estruturais e demográficas.
No Brasil, especialistas apontam que, durante as fases de crescimento, os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) poderiam ter sido mais bem aproveitados na formação profissional. No presente, com a massa de desempregados muito maior e a contenção rígida de verbas, é difícil a adoção de estratégias distintas para ofertar habilitação técnica. Entre as principais aflições provocadas por este cenário, está o futuro da juventude. No contexto de crise, os jovens têm abandonado os estudos cada vez mais cedo para procurar trabalho.
O risco disso, todavia, é eles chegarem aos 30 anos, no auge da produtividade, sem condições de ocupar as vagas de trabalho devido ao nível de conhecimento extremamente limitado.
Diante da insuficiente capacidade produtiva da maioria dos profissionais, paira o temor de que, dessa forma, a retomada econômica seja possível somente se houver crescimento no mercado informal. A situação preocupa por representar queda na qualidade do emprego e por aumentar a desigualdade social pela perda de renda e das garantias legais.

Diário do Nordeste
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