Política
Governo busca parceiros privados para reduzir fila de cirurgias
Mais de 16 mil pessoas esperam por cirurgia no Ceará. Governo dará
início a licitação para contratar a iniciativa privada para procedimentos
Para reduzir as filas para cirurgias eletivas, em
que estão 16.423 pacientes à espera de intervenções, os procedimentos deverão
ser feitos na iniciativa privada, pagos pelo Governo do Estado. Com projeto de
lei aprovado na Assembleia Legislativa e recurso já garantido em caixa, o
processo licitatório terá início ainda este ano. A programação é que as
cirurgias comecem em janeiro de 2018, de acordo com a Secretaria Estadual da
Saúde (Sesa). Conforme a pasta, “serão priorizadas as especialidades em que há
mais pacientes aguardando”.
Na mensagem do governador Camilo Santana (PT) à
Assembleia, é exposta a necessidade de contratação complementar devido à
crescente demanda por serviços na área da saúde, “mesmo trabalhando com um
universo limitado de recursos”. Em junho deste ano, chegou a 18 mil o número de
pacientes na lista de espera, conforme balanço do Conselho Federal de Medicina
(CFM) divulgado no início deste mês.
No aguardo de cirurgia desde 2012, uma comerciante
do bairro Carlito Pamplona, que preferiu não se identificar, tem a situação
agravada pelo passar dos anos sem o procedimento. Naquele ano, ela precisou ser
internada no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) para a retirada de
cálculos do rim direito — com financiamento do SUS. Cinco anos depois, devido à
demora, a enfermidade se agravou. “Não vou mais tirar um cálculo. Vou tirar um
rim. E o outro (órgão) também já tá se comprometendo”, desabafa.
Na espera por cirurgia desde 2013, Lúcia Maria
Araújo de Oliveira, 63, de Maracanaú, também sofre as consequências do tempo.
“Na última vez que fui (ao médico, no HUWC), disseram que meu rim tava
obstruído”. A dona de casa já operou cálculos renais outras vezes, em 2009 e
2013, mas não conseguiu se livrar das pedras. “Tô sem fazer as coisas direito.
Dói”, descreve.
Um dos hospitais mais demandados para cirurgias
eletivas em Fortaleza, o HUWC informa, em nota, que Lúcia e a comerciante estão
nas posições sete e três da fila de espera, respectivamente, com procedimentos
previstos para o início de 2018.
Consequências
Celso Murad, vice-corregedor do CFM, analisa a
problemática das filas como decorrência do subfinanciamento do SUS e da
desorganização dos procedimentos — que até hoje, no Ceará, são geridos
unicamente pelos municípios.
No relatório apurado pelo conselho — com
informações de 16 estados e dez capitais — foi constatado que, até junho, no
País, 904 mil procedimentos cirúrgicos estavam emperrados. Eram, entre outras
de baixo custo, cirurgias de catarata, vesícula, varizes e hérnia. Por causa da
demora, “as pessoas passam a ser internadas com quadros infecciosos graves,
tromboses, algumas quase com cegueira”, exemplifica Murad.
“Talvez algumas dessas pessoas nem tenham mais
condições cirúrgicas. Estamos deixando de dar o básico”, censura.
Saiba mais
Cenário atual
Existem 16.423 pacientes à espera de cirurgia no
Ceará, segundo a Secretaria da Saúde (Sesa).
Balanço nacional
Estatísticas apuradas pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM) dizem respeito às filas declaradas por Alagoas, Ceará, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande
do Sul, Rondônia, Pernambuco, São Paulo e Tocantins. Além desses estados, Bahia
colaborou com informações de pacientes que entraram na fila somente em 2017 e
Rio Grande do Norte apresentou somente a lista referente às cirurgias
ortopédicas.
Ceará e Fortaleza
No balanço do CFM, Ceará está em terceiro lugar no
ranking dos estados com mais procedimentos emperrados e Fortaleza se posiciona
em quinto lugar entre as capitais.
DOMITILA ANDRADE | LUANA SEVERO/ O POVO Online
Notícia mais recente
Próxima notícia
.png)



Deixe seu comentário
Postar um comentário