Política
Capitão Wagner prega 'renovação' no PROS
O deputado estadual oficializou, ontem, a mudança de
partido, com a presença de correligionários do PR
Sob a
promessa de construir um novo grupo político de oposição no Ceará, cuja
principal bandeira será a segurança pública, o deputado estadual Capitão Wagner
anunciou ontem, oficialmente, na Assembleia Legislativa, a sua ida para o
Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Como já havia sido antecipado pelo
Diário do Nordeste, o parlamentar permanece no Partido da República (PR) até
março, quando abre a janela partidária, e depois assumirá a presidência
estadual da nova sigla.
Embora o
partido ainda não tenha fechado questão sobre a disputa presidencial, Capitão
Wagner defendeu que o apoio do PROS no Estado ao presidenciável Jair Bolsonaro
(ainda no PSC) fortaleceria a legenda. No entanto, na avaliação de outros
filiados entrevistados pelo Diário do Nordeste, a questão não é consenso e
deverá ser desafio para ele no novo partido.
Ao lado
de lideranças políticas do PROS, como o deputado federal Vaidon Oliveira, atual
presidente do partido no Estado, e de correligionários do PR, entre eles a
deputada estadual Fernanda Pessoa e o prefeito de Maracanaú, Firmo Camurça,
Wagner justificou que escolheu o PROS como nova agremiação partidária pela
"independência" política garantida a ele.
Sem
espaço
Segundo o
parlamentar, no PR, ele não tinha mais espaço para "ampliar" a sua
atuação, uma vez que quer disputar o cargo de deputado federal nas eleições
deste ano. O Partido da República já conta com a deputada federal Gorete
Pereira, que deve tentar reeleição, e há ainda a possibilidade de o futuro presidente
da sigla, Roberto Pessoa, concorrer a uma vaga de deputado.
Por outro
lado, o movimento de Wagner é semelhante ao que fez o seu ex-correligionário e
ex-aliado, deputado federal Cabo Sabino, que, em busca da reeleição no pleito
de outubro próximo, também anunciou saída do PR para assumir o comando estadual
do Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Os dois parlamentares, que têm em
comum a mesma base eleitoral, romperam politicamente.
No PROS,
Capitão Wagner, campeão de votos quando disputou cadeira na Câmara Municipal de
Fortaleza e na Assembleia Legislativa, pode ajudar a eleger mais candidatos do
partido na eleição proporcional. Afinal, entre os critérios de distribuição das
verbas do Fundo Partidário e do novo fundo de financiamento de campanha, está o
número de votos de cada partido para a Câmara dos Deputados. No caso do Fundo
Partidário, 95% do dinheiro é destinado aos partidos que tiverem melhor
desempenho na eleição para deputado federal. Já 35% do fundo eleitoral público
será dividido pelo mesmo critério.
No novo
partido, Capitão Wagner projeta eleger três deputados federais e quatro
deputados estaduais, entre eles, Roberto Mesquita, hoje filiado ao PSD, mas que
confirmou, ontem, "seguir" o colega no PROS, em busca da reeleição
para mandato na Assembleia Legislativa.
Na
esteira dos projetos que pretende executar na nova "casa", Wagner
enfatizou que a direção nacional do PROS deu total liberdade a ele para
defender a candidatura que o diretório estadual achar conveniente, quer seja
para Governo do Estado, quer seja para presidente da República. Questionado
sobre possível apoio a Jair Bolsonaro, o parlamentar considera que uma aliança
fortaleceria o partido no Estado, mas diz que vai esperar por uma decisão
nacional da sigla.
"Entendo
que, na verdade, não é só a necessidade (de apoiar o Bolsonaro) por conta da
militância, mas é um candidato competitivo. Isso acaba fortalecendo o grupo,
traz o voto de legenda, caso haja coligação com o partido que feche o Bolsonaro
- não está definido ainda se, de fato, ele vai para o PSL, então não há
qualquer dificuldade nesse sentido. A nível nacional, o partido ainda não se
posicionou, não definiu qual candidato a presidente vai apoiar, mas nos dá
tranquilidade, certeza e independência para que a decisão que a gente tome aqui
seja decisão honrada, com todos os membros do partido".
Oposição
No
entanto, esse poderá ser um desafio a ser enfrentado por Capitão Wagner no
PROS. Mesmo confirmando que o parlamentar tem autonomia para apoiar quem
"achar conveniente", o atual dirigente do partido no Estado, deputado
federal Vaidon Oliveira, preferiu não entrar em detalhes ao opinar sobre um
eventual palanque no Estado com Bolsonaro. "Se tiver que ser o
Bolsonaro... O momento confuso, com a condenação do ex-presidente Lula, dá uma
revolta na política nacional, a gente que está em Brasília não tem um nome para
a disputa presidencial. Então a nossa conjuntura nacional vai depender do que
acontecer ainda na conjuntura nacional", ponderou.
Já quanto
à disputa ao governo estadual, Capitão Wagner foi categórico ao dizer que é
"zero" a possibilidade de o partido apoiar a reeleição do governador
Camilo Santana (PT). Ele frisou que cobrará fidelidade daqueles que se
filiarem. Sobre o fato de ter escolhido um partido que já abrigou os irmãos Cid
e Ciro Ferreira Gomes, Wagner disse que, agora, dará uma "cara de
renovação" à legenda e adotará como uma de suas principais bandeiras a
segurança pública.
"Nenhum
partido, hoje, defende a segurança com objetividade e critérios técnicos, e nos
foi dada essa condição de formar, inclusive, a nível nacional, um grupo que
possa trabalhar essa bandeira dentro do partido. Não há qualquer possibilidade
de estarmos num palanque que nós criticamos durante toda a nossa vida
política", cravou.
Fique por
dentro
Em quatro
anos, partido vai da base à oposição
Em um
intervalo de apenas quatro anos, o PROS passou por mudanças de comando e rumos
no Estado. Basta lembrar que, se neste ano o partido vai para a disputa na
oposição, nas eleições de 2014, a sigla era uma força política governista, sob
a direção dos irmãos Ciro e Cid Gomes. Naquele ano, 12 dos 46 deputados
estaduais eleitos para a Assembleia Legislativa eram filiados à legenda, assim
como três dos 22 deputados federais da bancada cearense.
Com a
saída dos irmãos Ferreira Gomes do partido, em 2015, quando já era sinalizada a
intenção de Ciro ser pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, o PROS
também perdeu deputados, prefeitos, vereadores e outros filiados no Ceará. Com
o ingresso dos deputados Capitão Wagner e Roberto Mesquita, a sigla volta a ter
bancada no Legislativo estadual ainda neste ano.
Diário do Nordeste
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