Educação
Ensino médio perde alunos, e país tem 1,5 milhão de jovens fora da escola
Ainda são altos os índices de reprovação e abandono nos
anos finais do ensino fundamental e no ensino médio
As
matrículas do ensino médio tiveram queda em 2017, apesar de haver cerca de 1,5
milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola. A etapa é
considerada um dos principais gargalos da educação básica.
Dados do Censo da Educação Básica de 2017,
divulgadas oficialmente pelo MEC (Ministério da Educação) nesta quarta-feira
(31), mostram que o país tem 48,6 milhões de alunos.
Eles estão matriculados em 184,1 mil escolas (83% são públicas), da educação
infantil ao ensino médio.
O total de matrículas vem caindo ao longo dos
anos, impulsionados, sobretudo, por dois movimentos: a melhora no fluxo escolar
(com taxas mais positivas de aprovação) e uma redução no número de crianças no
país. A despeito do quadro geral, ainda são altos os índices de
reprovação e abandono nos anos finais do ensino
fundamental (6º ao 9º ano) e no ensino médio.
O país registrou 7.930.384 alunos no ensino
médio em 2017. O número representa uma queda de 2,5% com
relação às matrículas do ano passado. Do total desses alunos, 84,8% estão em
escolas estaduais.
"A matrícula do ensino médio segue a
tendência de queda observada nos últimos anos que se deve tanto a uma redução
da entrada proveniente do ensino fundamental", ressaltou o MEC na
divulgação dos dados, "quanto pela melhoria no fluxo no ensino
médio". Enquanto a matrícula do 9º ano teve queda de
14,2%entre 2013 e 2017, a taxa de aprovação do ensino médio
subiu 2,8 pontos percentuais no mesmo período.
A estagnação das matrículas no médio indicam,
também, que o país não têm conseguido incluir cerca de 1,5 milhão de jovens que
abandonaram as salas de aula antes de terminar a educação básica. Esse
contingente representa 15% do total de jovens de 15 a 17 anos,
faixa etária ideal para o nível médio.
Estudo recente coordenado pelo economista
Ricardo Paes de Barros mostra que, mantido o ritmo de expansão da escolaridade
dos últimos 15 anos, o país levaria 200 anos para universalizar o
atendimento.
Por outro lado, o
ensino médio em tempo integral teve alta. O volume de
matrículas nessa modalidade representou 8,4% do total de alunos em 2017. Eram
6,7% no ano anterior. A modalidade é uma das apostas do governo Michel Temer
para alavancar a qualidade da etapa, mas há estudos que indicam que o acesso é
desigual -as escolas com maior carga horária atendem aos alunos com melhor
situação socioeconômica.
Já as matrículas de ensino
médio integrado ao ensino profissional, outra aposta do governo
para etapa, ficaram praticamente estagnadas. Se em 2017 elas representavam
6,54% do total de alunos, em 2017 esse índice passou a 6,99% - o que representa
554.319 alunos. A educação profissional é uma das linhas de aprofundamento previstas
com a reforma do ensino médio realizada pela equipe de Temer.
Educação infantil
O número de alunos em creche (0
a 3 anos) cresceu, chegando a 3.406.796 alunos. É 5%
superior ao ano passado. Na pré-escola (4 e 5 anos), o avanço
foi mais tímido, de 1,2% no período, totalizando 5.101.935 alunos.
O Brasil tem a meta, prevista no PNE (Plano
Nacional de Educação), de matricular ao menos 50% das crianças de 0 a 3 anos em
creche até 2024. Todas as crianças na idade de pré-escola deveriam estar na
escola desde 2016, segundo o PNE e emenda constitucional aprovada em 2009. Em
todo país, o atendimento na creche é de 30,4% e na pré-escola, de 90,5%,
segundo o Observatório do PNE, do Movimento Todos Pela Educação.
A qualidade desse atendimento também é
deficiente. Um terço dos professores que atuam na educação infantil não
têm diploma de ensino superior. No ensino médio esse índice é
de 6,5% e no fundamental, de 14,7%.
O país tinha 27.348.080 alunos no ensino
fundamental em 2017. São 1,8 milhão de alunos a menos do que em 2013, tendência
explicada pela melhoria do fluxo e redução no número de crianças.
As redes municipais concentram a maioria dos
alunos do fundamental. Condições de precariedade persistem, segundo o Censo da
Educação Básica. Pouco mais de 6% das escolas não possuem sistema de esgoto
sanitário, mais da metade não dispõe de laboratório de informática e 45,7 não
tem sala de leitura ou biblioteca.
Diário Nordeste
Notícia mais recente
Próxima notícia
Deixe seu comentário
Postar um comentário