Política
Está difícil encontrar o candidato a governador
Diferentemente de 2016, quando Capitão Wagner foi o candidato da oposição na Capital, Eunício não mais deve compor palanque do grupo em 2018 ( Foto: Kid Júnior ) |
Não surtiram efeitos os encontros realizados neste ano e,
finalmente, só após o Carnaval pode se conhecer o nome
A oposição cearense, a exceção do PSOL, ainda
não encontrou o nome para representá-la na disputa pelo Governo do Estado do
Ceará, embora alguns dos seus integrantes tenham feito esforços para tal, nos
últimos meses deste ano findo. Ainda há tempo, porém, para PSDB, PR, SD, PSD e
outros acertarem uma unidade contra a pretendida reeleição do governador Camilo
Santana, embora encontrando um pouco mais de dificuldade de tornar o seu nome
competitivo, dadas as limitações da Legislação Eleitoral e o trabalho
desenvolvido por Camilo, e seus principais aliados, no Interior e na Capital
cearenses. Nesta, as perspectivas indicam que um nome do grupo oposicionista
pode obter uma certa vantagem.
Os
adversários do governo estadual ficaram totalmente dependentes dos movimentos
organizados pelo senador Eunício Oliveira, ao longo dos últimos tempos, na
certeza de ele ser novamente candidato a governador. A guinada do senador para
aliar-se a Camilo deixou a todos os seus companheiros de campanha de 2014, e
dos encontros regionais que ele comandou até os meses iniciais deste ano,
órfãos. A dependência era grande demais.
Nenhum deles
percebeu, sequer, os primeiros sinais de distanciamento de Eunício da oposição,
quando ele deixou de falar em ser candidato a governador, como prometia desde o
fim da última disputa ao Governo, para se lançar candidato à reeleição, desde
que o senador Tasso Jereissati fosse, pela quarta vez, postulante à chefia do
Executivo do Estado.
Sem
Eunício, representantes das siglas já citadas, ficaram atônitos. E assim
continuam, pois só muito recentemente convenceram-se de não mais contar com a
participação do principal líder do MDB estadual no meio deles. Só para o mês de
março, provavelmente, passadas as festas mominas em fevereiro, vai ser possível
conhecermos um candidato para realmente enfrentar Camilo, com todo o merecido
respeito ao PSOL e seu representante Ailton Lopes, já escolhido para disputar o
cargo político mais expressivo do Estado, também como oposição.
Encantos
O
governador Camilo Santana leva vantagem na disputa. A sua administração está
bem avaliada, e visivelmente é grande o seu volume de campanha. Sua gestão,
guardadas as restrições feitas aos segmentos da Saúde e da Segurança, esta um
problemão mesmo, baldados todos os esforços desenvolvidos para reduzir a
alarmante criminalidade em todo o Estado.
Isto,
porém, não significa dizer que possa ter uma reeleição fácil. Não há eleição
ganha antes dos votos depositados nas urnas. A oposição tem seus encantos. Uma
boa parte do eleitorado está a seu lado, principalmente se ela apresenta um
candidato de fácil comunicação, sem máculas e conhecedor dos problemas mais
tormentosos de responsabilidade do Poder Público.
A
exiguidade do tempo, reconheça-se, dificultará mais ainda aos oposicionistas a
perscrutarem o tal novo na política para permitir que ele seja capaz de ampliar
o eleitorado defensor de mudanças. É relativamente curta a duração da campanha,
inclusive nos meios de comunicação, para um total desconhecido do eleitorado.
A última
reforma feita na Legislação Eleitoral privilegiou os veteranos e aos atuais
militantes ou detentores de mandatos. Portanto, é mesmo dos quadros hoje
existentes que haverá de sair o concorrente de Camilo, e os demais integrantes
da chapa majoritária, vice-governador, senadores e suplentes.
A
apreensão no ambiente oposicionista não parece ser menor que a do próprio
senador Eunício Oliveira, quanto à sua participação na chapa majoritária de
Camilo. O governador tem interesse em tê-lo ao lado. São inequívocas as
sinalizações dadas.
Enfraquecer
Essa
aproximação deles, desde o início do segundo semestre de 2017, já rendeu frutos
para a própria gestão pelo fluxo de recursos liberados do erário federal para o
estadual, através de Eunício, e por desarranjar e enfraquecer a oposição. Mas
não depende apenas de Camilo que o senador seja candidato à reeleição compondo
a sua chapa. Os parceiros de Camilo, a partir dos irmãos Cid e Ciro Gomes,
representantes do PDT que patrocina a postulação dele, podem criar
dificuldades.
Óbices,
não para inviabilizarem a aliança, pois para eles ela também é interessante,
mas para estabelecerem algumas condições, como a de ele não poder defender, no
palanque do governador, a candidatura do ex-presidente Lula, se acontecer. A
postulação de Ciro Gomes à Presidência da República é, no sentir dos
pedetistas, a prioridade dos patrocinadores de Camilo. Eunício tem o apoio de
Lula para fazer parte da aliança com o PT do Ceará, por isso tem sido enfático
que nele votará para presidente da República. O senador deve conhecer esse
obstáculo.
Palanques
Mas não
será apenas o palanque de Camilo que terá dificuldade de guardar os interesses
dos participantes da sua coligação divididos quanto à disputa presidencial.
Sendo Lula candidato, todas as atenções dos apoiadores do governador estarão
voltadas para o seu comportamento, em razão dos seus vínculos políticos e da "gratidão"
que ressalta ter a Ciro pelo seu comprometimento na vitória conquistada em
2014. Os petistas o querem pedindo votos para Lula.
Na
oposição, o principal partido, o PSDB, liderado pelo senador Tasso Jereissati,
vai pedir votos para o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, enquanto
outros integrantes do grupo defenderão outros nomes, dentre os quais Jair
Bolsonaro, sem prejuízo de outras candidaturas porventura oficializadas até o
meio do ano vindouro.
Diário do Nordeste
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