Economia
Inflação baixa esconde preços altos de energia, gás e combustível
Índice foi menor devido à queda dos alimentos em 2017
A inflação de 2,95% em 2017 — a segunda menor do Plano Real — pode
passar a impressão de que o Brasil não é o mesmo país de preços altos dos
últimos anos. Mas na visão de economistas, a realidade é outra.
Inicialmente, vale destacar que a inflação acumulada entre 2014 e 2017 é
de 28,8%. Isso significa dizer que, na média, os preços aumentaram nesse
patamar.
Mas, obviamente, há itens, como gasolina, energia e gás, que subiram
acima da inflação.
O ex-presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia) Paulo Dantas
da Costa ressalta que os aumentos dos chamados preços administrados, energia
elétrica (10,35%), água e esgoto (10,52%), botijão de gás (16%), gasolina
(10,32%) e diesel (8,35%) demostram que nem tudo foi positivo no resultado da inflação.
Ele soma a isso a queda da capacidade de compra das famílias nos últimos
anos.
— Uma boa parte sofrendo a amargura do desemprego, a renda média caiu em
boa parte desse período [de crise]. Isso tudo repercute na demanda. Se a
sociedade tem recursos reduzidos, consequentemente, você tem demanda menor e o
preço cai também.
O grupo "alimentação e bebidas" teve inflação negativa de
1,87%. Por outro lado, os gastos com "habitação" subiram 6,26%.
Já o economista André Braz, do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro e Economia
da Fundação Getulio Vargas), destaca a queda do preço dos alimentos, mas também
questiona os aumentos de outros produtos e serviços.
— O IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo] veio com uma taxa
negativa na alimentação, que é o item de maior peso nas famílias de baixa
renda. Agora, quando a gente analisa todos os grupos, vamos que muitos grupos
importantes tiveram acumulado acima da meta [4,5%], como saúde, transportes,
educação... boa parte registrou [alta] acima disso. Seria interessante ver essa
desaceleração [de preços] em todos os grupos.
Braz observa que a Safra agrícola de 2017 foi melhor do que se esperava,
o que contribuiu para a queda do preço dos alimentos. Mas diz que neste ano há
pouco espaço para mais redução.
— Tem algo escondido por trás dessa queda, porque em 2015 e 2016 o preço
dos alimentos subiu muito por causa da crise hídrica. O feijão subiu 50%.
Naquela época alimentação subiu 10% quase. 2017 foi um ano de devolução. O
agricultor, de olho nos preços altos de 2015 e 2016, plantou mais e foi
brindado com um tempo bom. Mas dificilmente isso vai se repetir em 2018
R7
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