Geral
Parcelamento sem juros no cartão de crédito pode acabar
Com a mudança, o consumidor assumiria as parcelas com base em um
limite concedido pelo banco emissor
Fortaleza/Rio. O setor de cartões de crédito e o
Banco Central estão discutindo - ainda em fase inicial - a criação de um novo
sistema que deve substituir a modalidade "parcelado sem juros" dos
cartões de crédito. Com a medida, o prazo para o recebimento do pagamento pelos
lojistas seria reduzido de 30 para 5 dias. A proposta faz parte de um conjunto
de medidas que o setor vem debatendo desde o fim do ano retrasado com o intuito
de reduzir custos e ampliar o uso do meio de pagamento, além de aproximar as
práticas brasileiras das práticas internacionais.
A ideia é
oferecer ao consumidor uma espécie de crediário pessoal para o parcelamento da
compra com base em um limite concedido pelo banco emissor e que poderia ser
usado em qualquer estabelecimento. O cliente ficaria a par das despesas com
juros e das prestações no ato da compra, com as informações exibidas no visor
da maquineta.
A ideia
de um crediário pessoal no lugar do parcelado sem juros, que apesar das taxas
embutidas, já é um método amplamente conhecido e praticado no comércio em todo
o País, deve enfrentar forte resistência de consumidores e lojistas que podem
ver a iniciativa como burocrática. Para o presidente do Sindicato do Comércio
Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, a mudança pode
dificultar a relação entre consumidores e o comércio.
"Qualquer
instrumento que dificulte a relação entre as pessoas que produzem bens ou
serviços para o País é nocivo. Em um momento de retomada da economia
brasileira, uma notícia como esta pode dificultar muito essa relação",
avalia Cid Alves.
Debate
Ele
acredita ainda que, se a medida for de fato implementada, o ideal é que haja,
antes, ampla discussão com as entidades que representam o comércio. "Se
for feita essa mudança, a forma como se relacionam conosco (bancos e cartões) e
com consumidores, que seja algo bem gradual, depois de passadas todas as crises
e depois de o assunto se discutido com todas as confederações. Se eles querem
fazer como na Europa e América do Norte, que sejam praticadas também taxas mais
baixas, porque as daqui são absurdas", destaca ainda o presidente do
Sindilojas.
Competitividade
Já
considerando a complexidade da proposta, a ideia do setor de cartões junto ao
Banco Central é que a medida seja acompanhada por taxas e prazos atraentes. O
presidente do Sindilojas ressalta ainda que Departamentos de Defesa do
Consumidor devem participar do debate sobre o assunto. "Isso altera um
sistema que a gente usa desde 1994, então isso remete a uma situação que
dificulta a relação com o consumidor".
Débito
Neste
mês, o presidente do banco Central, Ilan Goldfajn, disse que já está sendo
discutida a redução no custo das operações com cartões de débito para ampliar o
uso do sistema e diminuir a quantidade de dinheiro em espécie que circula no
País, o que resultaria na economia com a fabricação de cédulas e moedas, além
de elevar o controle sobre a circulação de recursos, coibindo atividades
ilícitas.
Agenda
BC+
A redução
do custo das operações usando o cartão de débito faz parte da Agenda BC+,
preparada pela instituição financeira com metas de longo prazo. O movimento do
Banco Central, apoiado pelo setor de cartões de crédito e, nesse caso, pelo
varejo, estaria em sintonia com uma tendência global. Isso porque outros países
têm discutido a redução do uso de papel moeda para combater a lavagem de dinheiro
e o pagamento de propinas a funcionários públicos.
Diário do Nordeste
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