Geral
Quixadá se torna referência na formação de padres
Quixadá. A formação sacerdotal
está voltando a ganhar força na Diocese de Quixadá. Quando foi criado, em 1977
o Seminário Diocesano desta cidade, que recebe o nome de Nossa Senhora
Imaculada Rainha do Sertão, chegou a contar com 75 seminaristas. O passar do
tempo afastou um pouco os jovens do interesse pela batina religiosa, mas focada
em uma nova formação, fortalecida com professores doutores nos cursos de
Filosofia e de Teologia, o Seminário Menor, então Centro Vocacional Pio XII,
passou a atrair novamente o interesse de outras dioceses do Ceará e até de
outros estados.
No
fim deste ano, 15 deles receberão a ordenação e poderão atuar nas dioceses de
Quixadá, do Crato, Iguatu, e de Cajazeiras, na Paraíba, para onde a
territorialidade religiosa católica também se estende. Cinco estudantes são
egressos da Diocese do Estado vizinho. Outra parte já concluiu a graduação em
Filosofia; estão no segundo ano de Teologia, dando os passos finais para
ingressarem definitivamente na vida religiosa. Nos próximos oito anos serão
mais 38 padres, explicou o reitor do Seminário de Quixadá, padre Francisco
Otaviano.
Dificuldades
A
jornada não é fácil. O processo começa com o engajamento dos jovens nas
pastorais das localidades onde residem. Eles procuram os párocos e manifestam o
interesse pela dedicação à Igreja Católica como seus representantes. Então são
inscritos para a formação da Diocese, a partir da recomendação do pároco local.
Aprovados pelo bispo, participam do Ano Propedêutico, de iniciação da vocação religiosa.
"Esse período ocorre para confirmar se realmente o candidato pretende se
dedicar às atividades sacerdotais", acrescenta.
A
partir de então, as respectivas dioceses assumem a formação dos futuros padres,
custeando os cursos superiores, a hospedagem, alimentação. O Seminário de
Quixadá foi transformado em uma moderna hospedaria e centro de reflexão dos
seminaristas. Os cursos superiores, considerados entre os melhores do Estado,
são oferecidos pelo Centro Universitário Católica de Quixadá, a Unicatólica,
fundada pela Diocese, agora mantida por uma Associação presidida pelo bispo dom
Ângelo Pignoli. Diferentemente das antigas formações, os seminaristas dividem
os mesmos espaços com os universitários dos cursos regulares.
Os
seminaristas reconhecem o agradável ambiente em Quixadá. Todos são jovens, com
menos de 30 anos. No Seminário, além dos dormitórios, têm à disposição uma
biblioteca, uma capela e até uma área para atividades físicas. Todas as manhãs,
às 6 horas, participam da missa e, em seguida, é servido o café da manhã. Logo
depois partem para os estudos. Eles consideram o ambiente muito propício à
formação dos seus candidatos ao ministério sagrado.
Formados,
eles voltam às comunidades após a ordenação. Deixam de ser leigos para se
tornarem clérigos, e, como diáconos, podem assistir casamentos, realizar
batizados, fazer homilia e dar a bênção. Esse estágio pastoral ocorre por um
ano na paróquia para onde foi indicado. Quixadá possui 20 paróquias e duas
áreas pastorais. A Diocese de Quixadá conta com 50 padres. "Essa vocação é
um mistério. Ela nasce no coração de Deus", acrescenta o padre Francisco
Otaviano, ordenado em 2012 e reitor do Santuário há quatro anos.
A
partir das suas virtudes o padre pode ser eleito bispo, podendo chegar ao cargo
de arcebispo, cardeal e até papa. No caso do bispo, ao completar 75 anos, é
obrigado, segundo as normas da Igreja, a deixar o comando da Diocese e se torna
bispo emérito. Os padres cumprem a mesma regra. No Ceará, além de Quixadá, o
Seminário da Prainha, em Fortaleza e o São José, no Crato, são os mais antigos.
Família ensina
Antes
de perceber a sua vocação sacerdotal, Francisco Adolfo Santos de Lima pretendia
ingressar no Ronda do Quarteirão, a polícia diferenciada criada pelo governo do
Estado em 2007. Passados dez anos, ele está no 2º Ano de Teologia. Nascido em
Juazeiro do Norte, onde vive até então, juntamente com outros cinco irmãos,
dois homens e três mulheres, atribui aos avós, por quem foi criado, o interesse
religioso. Em 2011, começou a participar de um grupo de orações, "Quem
como Deus".
A
partir do convívio com o casal coordenador do grupo, Guto Azevedo e Zulene
Parente, se envolveu ainda mais, despertando o desejo de conhecer os mistérios
de Deus. Entretanto, para o seminarista, os momentos mais fortes para essa
decisão surgiram na família, com os avós, quando sentavam à mesa para as
refeições e oravam. Havia ali um motivo para aquele agradecimento diário.
Natural
de Bonito da Santa Fé, uma pequena cidade do Interior da Paraíba, distante
515Km da capital, João Pessoa, Aldeanes de Souza Gomes, 27, percebeu o seu
interesse pelo sacerdócio quando viu pela primeira vez um padre celebrando uma
missa. Ele se encantou, principalmente pelo ato da consagração, quando o
sacerdote traz Jesus ao mundo, no momento da eucaristia. A passagem é
indescritível, mas é sentida pelo espírito.
Irmão
mais novo de seis, para Aldeanes, poder sentir esses momentos é um dom de Deus.
Desde então, dedicou sua fidelidade no amor a Jesus, respeitar e cumprir a
missão de levar os seus ensinamentos, se entregar ao Sagrado. Ele não imaginava
apenas uma longa jornada. Até o primeiro sinal da cruz diante dos fiéis, são
necessários nove anos. Sua caminhada foi iniciada em 2012, quando ingressou na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras (Fafic).
Enquete
Por que você pretende
se tornar padre?
"Identifico-me
com a dedicação à comunidade. Poder ajudar as pessoas e auxiliá-las
espiritualmente, através da Igreja Católica, é uma realização abençoada por
Deus"
Francisco Adolfo
Soares de Lima,
26
Seminarista de Juazeiro do Norte
"Pessoalmente,
poder concretizar essa missão, a do amor de Jesus aos filhos de Deus, na
condição de um dos seus missionários, é uma satisfação sagrada"
Aldeanes de Souza
Gomes,
27
Seminarista de Cajazeiras (PB)
Mais informações:
Seminário
Diocesano de Quixadá
Nossa Senhora Imaculada
Rainha do Sertão
Rua Basílio Emiliano Pinto, 1179 - Combate
Telefone: (88) 3412-3229
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