Nacional
Saúde
Exposição contínua à tela do computador pode afetar crianças e jovens.
A tecnologia atual disponível para telas e mídias
em geral oferece benefícios, mas também pode trazer riscos para a saúde de
crianças e adolescentes. A exposição às telas de computadores, celulares e
tablets por crianças e adolescentes pode afetar o sono, a atenção, o
aprendizado, o sistema hormonal (com risco de obesidade), a regulação do humor
(com risco de depressão e ansiedade), o sistema osteoarticular, a audição, a
visão. Tasmbém há riscos de exposição a grupos de comportamentos de risco e a
contatos desconhecidos, com possibilidade de acesso a comportamentos de
autoagressão, tentativas de suicídio e crimes de pedofilia e pornografia.
O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP), que lançou nesta semana a publicação Uso saudável de telas,
tecnologias e mídias nas creches, berçários e escola com o objetivo
de compartilhar conhecimento científico com pedagogos, professores e educadores
sobre o uso correto da tecnologia para o desenvolvimento neuropsicomotor
satisfatório na infância e na adolescência.
“Torna-se essencial que cuidadores e educadores
priorizem atividades que auxiliem o aproveitamento do potencial dessas crianças
e, portanto, o uso consciente das telas é fundamental. As escolas são fonte de
conhecimentos e possuem papel importante em fornecer bons exemplos para pais e
cuidadores. O seguimento das diretrizes que protegem e estimulam as crianças de
forma adequada pode gerar mudanças significativas em toda a sociedade”,
destacou a SBP.
Tempo de exposição
A recomendação de exposição a mídias para
crianças menores de dois anos é tempo zero, pois as evidências das pesquisas
mostram que as interações sociais com os cuidadores são muito mais eficazes e
estimulantes para o desenvolvimento da linguagem, da inteligência, da interação
social e das habilidades motoras. Também proporcionam momentos de aprendizagem
global, capacidade de resolução de problemas e habilidade de controle
emocional, tornando a criança um adulto mais saudável e resiliente.
Para crianças de 2 a 5 anos de idade, a
recomendação é de 1 hora por dia de permanência, ao todo, à frente de
televisões, celulares, tablets e videogames. Acima dessa idade é recomendável o
tempo de até 2 horas. O acesso deve ser monitorado e permitido apenas ao que é
liberado para cada idade, respeitando-se a classificação indicativa, além de
evitar conteúdos de violência, sexual e de comportamentos inadequados.
Dentre as conclusões apontadas pelo trabalho,
está a necessidade de adequação da Lei nº 12.965 de 23 de abril de 2014, que
estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no
Brasil para atividades em escolas e creches. A ideia é garantir o pleno
desenvolvimento das crianças e protegê-las dos excessos e perigos do mau uso
dos recursos tecnológicos na era digital.
“Os nativos da Era Digital têm direito à
utilização e desfrute dos recursos tecnológicos para sua aprendizagem e auxílio
ao seu desenvolvimento, mas as famílias e as instituições precisam se adequar,
no sentido de diminuir os riscos do mau uso dessas ferramentas”, observam os
especialistas.
O texto mostra, a partir de um estudo científico,
que crianças de 6 meses a 3 anos, cujos cuidadores usavam livros com hábito
frequente de leitura dirigida e linguagem gestual, exibiram mais conhecimento
sobre os significados dos símbolos linguísticos.
Elas também obtiveram melhores resultados na
avaliação da linguagem e das habilidades sociais, comparadas com outro grupo
que passava o mesmo tempo de leitura em aplicativos infantis de estímulo à
linguagem e em programas e vídeos educativos na TV e smartphones.
Para a entidade, o estudo mostra que a interação
cuidador-criança e as brincadeiras livres não podem e não devem ser amplamente
substituídas pela tecnologia do século XXI. A interação entre crianças e
adultos e entre as próprias crianças é fundamental para o desenvolvimento e a
socialização.
“A SBP entende que a tecnologia, quando usada de
forma adequada e apropriada, é uma ferramenta que pode melhorar a vida diária
das crianças e ajudá-las em todas as facetas do seu desenvolvimento. Mas,
quando usada de forma inadequada, abusiva ou sem planejamento, a mídia pode
ocupar o espaço de atividades importantes para o desenvolvimento infantil, como
o brincar, a interação face a face, o tempo familiar de qualidade, as
brincadeiras ao ar livre, os exercícios físicos, o tempo de inatividade e o
ócio criativo”, afirmam os especialistas.
Monitoramento
A SBP recomenda que as escolas e as famílias
possam atuar em conjunto com as equipes de saúde no sentido de monitorar
rigorosamente o tempo de exposição à tela em casa e na escola, de forma que a
soma não ultrapasse o limite recomendado. Recomenda-se também programar os
dispositivos para acesso apenas a conteúdo de alta qualidade com eficácia de
aprendizagem demonstrada, discutido em equipe no planejamento pedagógico.
Outros conselhos da SBP sugerem o envolvimento
ativo dos pais, cuidadores e professores, tanto na leitura digital quanto na
leitura de livros, que melhoram a aprendizagem das crianças pela experiência; e
a orientação aos familiares sobre a relevância de regras domésticas claramente
estabelecidas e cumpridas e os limites para as crianças.
Publicado em 20/06/2019 -
14:05 Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência
Brasil São Paulo
(Agência
Brasil)
(Foto: Valter
Campanato/Agência Brasil)
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