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Saúde
Famílias com síndromes hereditárias, como Li-Fraumeni e Neurofibromatose, devem ser acompanhadas com uma maior atenção pelo alto risco de desenvolver sarcoma, porém não existe exame preventivo. “Havendo dor persistente em regiões do corpo, como coxas, joelhos e braços, é sempre importante tentar sentir se há presença de nódulo no local. Os exames indicados para um diagnóstico correto são tomografia e ressonância, mas, em alguns casos, o raio-X pode captar a presença do nódulo. Em suspeita dos sintomas, consulte um oncologista para que o tratamento seja iniciado o quanto antes”, finaliza a médica.
Julho Amarelo conscientiza brasileiros sobre sintomas do sarcoma.
Dores no corpo e lesões na pele são sinais de alerta.
O sarcoma, um tipo de câncer que pode acometer os
tecidos moles, como músculo, gordura, tecido conjuntivo ou ósseo, normalmente é
diagnosticado tardiamente por falta de conhecimento sobre o tema. Os principais
sintomas, que são dores no corpo, são comuns a outras doenças e lesões, e
exames iniciais, como raio-X, podem não ser suficientes para o diagnóstico.
O conhecimento é o melhor caminho para
identificar a doença ainda em suas fases iniciais. Qualquer nódulo do tamanho
de uma bola de golfe, aproximadamente 4,3 cm, pouco maior do que uma bolinha de
ping-pong, deve ser investigado por um especialista,
pois pode ser um sarcoma.
Nos Estados Unidos, a Sarcoma Foundation of
America promove a campanha Julho Amarelo, para incentivar o diagnóstico
precoce, facilitando o tratamento e aumentando as chances de cura. No Brasil,
médicos como a oncologista clínica Veridiana Camargo, especialista em sarcomas
ósseos e de partes moles da clínica OncoStar e do Instituto do Câncer do Estado
de São Paulo (ICESP), explica a importância da campanha para os brasileiros.
“Os sarcomas são diagnosticados já em fases
avançadas, porque não discutimos muito sobre o tema. Em crianças e jovens é
ainda mais difícil encontrar a causa dos inchaços e dores no corpo, já que
costumam ser muito ativas e se machucam brincando. Daí, um nódulo de sarcoma
pode ser confundido com uma lesão simples”.
Segundo a especialista, a campanha tem como
objetivo principal alertar sobre os tipos e dores e fomentar o diagnóstico
precoce para aumentar as chances de cura. “O paciente que está com dor, ou o vê
o aparecimento de algum nódulo, do tamanho de uma bola de golfe, que esteja
crescendo ou que seja visível, o ideal é que procure um especialista. Não tem
nenhum exame preventivo, como a mamografia ou a colonoscopia, então o sarcoma é
olhar, ser examinado, isso é o mais importante, e a ressonância e a tomografia
vão ajudar depois”.
Existem mais de 50 subtipos de sarcoma. A
nomenclatura do tipo de sarcoma depende do tecido em que ele se originou.
O lipossarcoma é aquele que se origina no tecido gorduroso; leiomiossarcoma se
origina no músculo liso (músculo que fica ao redor das alças de intestino e na
parede de vasos sanguíneos); e o rabdomiossarcoma se origina nos músculos
estriados (responsáveis pela movimentação do corpo). Os exames principais para
o diagnóstico são a tomografia ou a ressonância da região acometida.
Veridiana disse que “80% dos casos de sarcoma são
em adultos, acima dos 40 anos, geralmente em partes moles. Já os outros 20% são
diagnosticados em crianças e adolescentes, sendo os mais comuns os ósseos, como
o osteossarcoma e o sarcoma de Ewing, e os rabdomiossarcomas, que ficam entre
músculos e ossos”.
Adolescentes com dores e edemas persistentes na
região do joelho merecem uma atenção especial e investigação do caso com raio-X
ou outros exames de imagem, o que ajuda no diagnóstico diferencial de tumores ósseos
benignos e malignos. “Inchaço abdominal, muitas vezes sem emagrecimento
associado, podem também indicar sarcoma. Também é importante ficar atento a
sangramento nas fezes associado a anemia, pois pode ser um tumor
gastrointestinal”.
A médica explica que como o Brasil é um país com
bastante jovens, os sarcomas ósseos tem uma certa incidência. “E os sarcomas
relacionados à infância e à adolescência têm uma incidência alta, como o
rabdomiossarcoma, os osteossarcoma e entre os de partes moles, nos adultos, tem
os leiomiossarcoma e os lipossarcomas”.
A incidência exata desse tipo de câncer no País
ainda é desconhecida. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) não registra o
total de pacientes acometidos por esse tipo de tumor. De acordo com o artigo
científico que analisou a incidência de câncer nos cinco continentes, estima-se que a incidência
seja de 4 a 6 mil casos ao ano no Brasil. Nos Estados Unidos, o número é ainda
mais elevado, são 12 mil casos ao ano.
O tratamento principal é a cirurgia. “O que temos
ressaltado nesse Julho Amarelo também é que a cirurgia tem que ser feita por
especialista, ou seja, um ortopedista oncológico, ou um cirurgião oncológico,
porque precisa ser removida toda a parte de musculatura normal para que esse
tumor não volte nesse mesmo lugar. Quando está com mais de 5 centímetros e é
considerado agressivo pelo patologista, é importante fazer a radioterapia. Já a
quimioterapia a gente discute caso a caso”, explica a especialista.
Famílias com síndromes hereditárias, como Li-Fraumeni e Neurofibromatose, devem ser acompanhadas com uma maior atenção pelo alto risco de desenvolver sarcoma, porém não existe exame preventivo. “Havendo dor persistente em regiões do corpo, como coxas, joelhos e braços, é sempre importante tentar sentir se há presença de nódulo no local. Os exames indicados para um diagnóstico correto são tomografia e ressonância, mas, em alguns casos, o raio-X pode captar a presença do nódulo. Em suspeita dos sintomas, consulte um oncologista para que o tratamento seja iniciado o quanto antes”, finaliza a médica.
Publicado em 19/07/2019 -
15:45 Por Ludmilla Souza - Repórter da Agência
Brasil São Paulo
(Agência Brasil)
(Foto: Governo
do Estado de São Paulo)
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