Economia
Nacional
Juros do cheque especial subiram para 322,2% ao ano em junho.
A taxa de juros do cheque especial subiu 1,3
ponto percentual em junho, comparada a maio, e chegou a 322,2% ao ano. Em 2019,
os juros do cheque especial já subiram 9,6 pontos percentuais. Os dados foram
divulgados hoje (26) pelo Banco Central.
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco
Central, Fernando Rocha, disse que a alta dos juros do cheque especial ocorreu
porque um banco aumentou a taxa, o que afetou a média. Ele alertou sobre o
custo alto do cheque especial. “O cheque especial é uma modalidade a ser
evitada, caso as pessoas consigam outra fonte de financiamento. É uma
modalidade emergencial, cujos custos são muito altos. A taxa do cheque especial
é 14 vezes maior do que o consignado”, disse.
As regras do cheque especial mudaram no ano
passado. Os correntistas que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante
30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa
de juros menores que a do cheque especial definida pela instituição financeira.
A taxa média do rotativo do cartão de crédito
subiu 0,3 ponto percentual em relação a maio, chegando a 300,1% ao ano. A taxa
média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes.
No caso do correntista adimplente, que paga pelo
menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 277,2 % ao ano
em junho, recuo de 2,7 pontos percentuais em relação a maio. A taxa cobrada dos
clientes que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo
não regular) subiu 2,4 pontos percentuais, indo para 316,4% ao ano.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor
quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo
dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.
Em abril de 2018, o Conselho Monetário Nacional
(CMN) definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito
passem a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Essa regra
entrou em vigor em junho deste ano. Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes
e inadimplentes não será igual porque os bancos podem acrescentar à cobrança os
juros pelo atraso e multa.
Na modalidade de parcelamento das compras pelo
cartão de crédito, a taxa de 175,6% ao ano em junho, com aumento de 1,5 ponto
percentual.
A taxa de juros do crédito pessoal não consignado
chegou a 120,3% ao ano em junho, com aumento de 0,2 ponto percentual em relação
a maio. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento)
recuou 0,4 ponto percentual, indo para 22,8% ao ano no mês passado.
A taxa média de juros para pessoa física subiu
0,3 ponto percentual em junho para 53,2% ao ano. A taxa média das empresas
ficou em 18,7% ao ano, queda de 0,8 ponto percentual.
Inadimplência
A inadimplência do crédito, considerados atrasos
acima de 90 dias, para pessoas físicas, ficou estável em 4,8%. No caso das
pessoas jurídicas, o indicador ficou em 2,6 %, com queda de 0,1 ponto
percentual.
Esses dados são do crédito livre, em que os
bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as
taxas de juros cobradas dos clientes.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com
regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores
habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito) os juros para as
pessoas físicas oscilaram 0,1 ponto percentual para baixo, para 7,7% ao ano. A
taxa cobrada das empresas caiu 0,5 ponto percentual para 9,1% ao ano.
A inadimplência das pessoas físicas no crédito
direcionado ficou caiu 0,1 ponto percentual para 1,7% e a das empresas recuou
0,4 ponto percentual para 2%.
Saldo dos empréstimos
Em junho, o estoque de todos os empréstimos
concedidos pelos bancos ficou em R$ 3,296 trilhões, com expansão de 0,4% em
relação a maio, 1,2% no ano e 5,1%, em 12 meses. Esse saldo do crédito correspondeu
a 47,2% de tudo o que o país produz - o Produto Interno Bruto (PIB) -, o mesmo
percentual registrado em maio.
“No primeiro semestre de 2019 o crédito do
Sistema Financeiro manteve a sua trajetória de crescimento que veio do ano
passado”, disse Rocha. Segundo ele, o destaque para o crescimento vem do
crédito livre para as famílias, que cresceu 14,2%, em 12 meses, chegando a R$
1,008 bilhão em junho. “Há também crescimento no crédito livre para pessoas
jurídicas [alta de 9% em 12 meses] e também no crédito direcionado para pessoas
físicas [crescimento 5,7%, em 12 meses]. Ainda mantivemos uma diminuição na
modalidade de crédito direcionado para pessoas jurídicas [queda de 11,8% em 12
meses] que, neste caso, estão fundamentalmente relacionadas às operações do
BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social], que vem reduzindo
os saldos na sua carteira”, acrescentou. Rocha disse que, com a redução dos
empréstimos do BNDES, as empresas têm se financiado no mercado de capitais.
De acordo com Rocha, o crescimento do crédito
para as famílias ocorre em momento de redução das taxas de desemprego. “O nível
de desemprego é elevado no Brasil, mas a taxa de variação desse desemprego é de
uma redução. Uma das modalidades de crédito para as famílias que têm crescido
mais é o consignado. Outra modalidade que vem crescendo é o financiamento
imobiliário”, disse.
* Matéria alterada às 12h21 para acrescentar
informações
Publicado em 26/07/2019 -
11:25 Por Kelly Oliveira - Repórter da Agência
Brasil Brasília
(Agência Brasil)
(Foto:
Arquivo/Agência Brasil)
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