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Alta da carne impulsionará preços do frango e ovos no Ceará.
Os valores devem subir 'exageradamente' em relação ao ano passado, avalia presidente do Sindicarnes-CE, que prevê que encarecimento da carne bovina deve chegar a 40% no Estado, até o fim de 2019.
Seguindo
o avanço do valor da carne bovina, que desde agosto acumula alta de 30% nos
açougues cearenses, os preços de aves e ovos também devem aumentar já nas
próximas semanas. "Nós vamos ter impacto em todos os segmentos.
Primeiramente, o consumidor busca a carne mais barata, mas o preço das aves
também vai subir", prevê Francisco Everton da Silva, presidente do
Sindicato do Comércio de Carnes Frescas do Ceará (Sindicarnes-CE).
O
movimento acontece em razão da maior procura das pessoas por outras opções de
proteína animal, como aves ou ovos, para fugir do aumento dos altos valores da
carne vermelha - é de se esperar, portanto, que haja reajuste nos preços desses
itens, principalmente nesta época de fim de ano. "A verdade é que todos
esses produtos vão subir exageradamente em relação ao ano passado".
Até o fim
do ano, o presidente do Sindicarnes-CE estima que a alta da carne bovina pode
chegar a 40% no Estado. O efeito do valor da carne vermelha sobre o do frango e
também do peixe está sendo analisado pelo Ministério da Agricultura. A
avaliação da Pasta é de que o preço da carne deverá se estabilizar em um
patamar, influenciado diretamente pelo custo internacional da proteína.
Hoje, o
preço da arroba do boi gordo (o equivalente a 15 quilos de carne) oscila entre
US$ 40 e US$ 50. Se considerada a cotação desta sexta-feira (29), com o dólar a
R$ 4,23, a arroba do boi chega a custar até R$ 201. Ou seja, para o Ministério
da Agricultura, o preço da carne deve se estabilizar nesse patamar.
O aumento
se deve a uma conjunção de fatores, diz Silva, entre os quais o crescimento da
demanda do mercado da China, que mais do que dobrou o volume de importação da
carne brasileira. "Este ano está sendo atípico porque, além do período da
entressafra do boi, estamos vivendo o momento de maior exportação do Brasil nos
últimos dez anos. A China aumentou em 110% a importação de carne do Brasil
devido à peste suína, e essa recuperação é lenta".
Além
disso, o presidente do Sindicarnes-CE diz que outros concorrentes do Brasil no
segmento estão com dificuldades para atender à demanda externa. "A
Argentina está em crise e a Austrália enfrenta uma forte estiagem, por isso
essa agressividade de mercados como o da China, Rússia e Arábia Saudita. Todos
esses países dobraram suas importações, o que elevou os preços no mercado internacional.
E, com o dólar do jeito que está, o produtor nacional quer (vender) no mercado
externo", explica Silva.
Na
quinta-feira (28), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que, além do efeito das exportações,
é preciso considerar fatores internos, como o preço nacional cobrado pelo
pecuarista, que estava sem reajuste há três anos, sem esquecer da seca
prolongada, que mexeu com a produção do boi gordo. "Sabemos que essa
situação decorre de uma conjuntura de fatores. Agora, a arroba não vai baixar
mais ao patamar que estava", disse.
Abastecimento
Apesar do
aumento do preço, o Governo Federal afasta a possibilidade de que haja qualquer
risco de desabastecimento de carne no mercado nacional, uma vez que o Brasil
conta hoje com um rebanho de 215 milhões de cabeças de gado, número superior ao
da população do País.
"Realmente,
o mercado chinês mexeu com as exportações, e não só da carne brasileira, mas da
carne argentina, paraguaia, uruguaia. É muito grande a necessidade da
China", disse a ministra da Agricultura. "Além de o Brasil abrir as
exportações, temos de lembrar que o boi tinha um preço represado há três
anos", apontou a ministra. "Antes, o produtor vendia uma arroba por
R$ 140, em média. O que aconteceu é que, nesse primeiro momento de abertura,
com a China pagando um preço muito bom, houve esse momento, digamos, de
euforia".
Inflação
O aumento
do preço da carne bovina também foi um dos principais fatores de pressão sobre
a inflação dos produtos industriais na porta de fábrica nos últimos três meses,
segundo Alexandre Brandão, gerente de análise e metodologia da coordenação de
indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Índice
de Preços ao Produtor (IPP), que inclui preços da indústria extrativa e de
transformação, registrou aumento de 0,64% em outubro, o terceiro consecutivo,
conforme divulgou o Instituto nesta sexta-feira (29). Com alta de 2,12% - a
maior desde junho de 2018 - os preços dos alimentos exerceram a principal influência
sobre o resultado geral da indústria (0,47 ponto porcentual).
Com o
resultado de outubro, o setor de alimentos já acumula alta de 4,17% no IPP em
2019. Os destaques são justamente "carnes de bovinos frescas ou
refrigeradas" e "produtos embutidos ou de salamaria de suíno, exceto
pratos prontos". Se somados "rações e suplementos para animais"
e "carnes de bovinos congeladas", os quatro produtos tiveram
influência conjunta de 1,78 ponto porcentual na alta dos alimentos no mês de
outubro.
(Diário do Nordeste)
(Foto: Reprodução)
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