Nacional
Saúde
Em um mês, mais de 5 mil profissionais de enfermagem contraíram Covid-19 no Brasil, segundo Cofen.
Foram 3 mil registros somente na
última semana no País, com 34 mortes desde 20 de março. Os dados são do Cofen.
O Ceará soma 227 enfermeiros e técnicos em quarentena com confirmação ou
suspeita da doença e uma morte.
O relato da enfermeira, que pede para não ser identificada,
ajuda a entender como estão sendo cada vez mais tensos os plantões nas unidades
de saúde em Fortaleza. No domingo, na UPA do bairro Cristo Redentor, localizada
na avenida Leste-Oeste, o atendimento chegou a estar simultaneamente com 24
pacientes adultos com quadro suspeito de Covid-19, onde há apenas 12 leitos na
ala específica para os casos. O ambiente de pediatria e a sala de emergência
precisaram ser utilizados, pela situação extrema. As macas extras vez ou outra
têm funcionado também para o mesmo fim, não mais somente para o deslocamento
interno. O plantão da sexta esteve com 16 pacientes, passou para 15 no sábado,
e mais nove deram entrada com suspeita entre a manhã e noite deste domingo, 19.
"Está sendo assim, só aumentando", pontua. No sábado, 18, um paciente
estava lá e morreu ao ser transferido para o IJF-Centro.
Os registros mais frequentes de mortes entre os internados
deixam a rotina mais pesada, estressante. "Tem sido difícil",
descreve. O agravamento repercute no risco direto para os profissionais.
Monitoramento do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), em dados reunidos
desde o dia 20 de março último, aponta que, no Brasil, já são 5.174 casos
confirmados ou suspeitos de profissionais da categoria (enfermeiros, técnicos e
auxiliares) acometidos de Covid-19. Quase 3 mil foram registrados só entre a
segunda-feira passada (13) e este fim de semana.
Desses casos no País, foram 34 mortes no grupo. Um dos óbitos
aconteceu no Ceará: uma técnica (também diplomada como enfermeira), Ana
Cristina de Oliveira Braga, de 53 anos, que morreu no último dia 14 de abril.
Ela trabalhava em um posto de saúde no bairro Pan Americano e no Instituto do
Câncer (ICC), na Capital. Passou poucos dias internada e não resistiu. O Estado
soma, em dados atualizados até o último domingo, 19, 201 profissionais da
enfermagem em quarentena com suspeita da doença, outros 25 com diagnóstico
confirmado e mais um internado com suspeita. São 77 mil profissionais no Ceará,
entre técnicos e graduados. Na última sexta-feira, a informação recebida pelo
Conselho Regional de Enfermagem (Coren-CE) era de que mais quatro enfermeiros
(um deles do Interior) haviam sido transferidos para dois hospitais da Capital
em estado grave, necessitando de respiradores.
Um paciente costuma tossir ao ser entubado, expelindo saliva
contaminada se estiver com o coronavírus. Mesmo no atendimento comum, ainda na
sala de triagem, o perigo do contágio passa perto. A falta de equipamentos de
proteção individual (EPIs), como luvas, máscaras, aventais, tem sido mencionada
entre os profissionais. No mesmo período em que tem contado os casos de
Covid-19, o Coren-CE recebeu 106 denúncias de falta ou escassez de equipamentos
de EPIs.
"Fizemos uma fiscalização no início da semana (passada).
Encontramos alguns profissionais usando EPIs, mas racionalizados", afirma
a presidente do Coren-CE, Ana Paula Brandão. Osvaldo Albuquerque, representante
cearense no Conselho Federal, confirma que "a vulnerabilidade em relação
aos equipamentos de proteção está sendo a principal demanda" para os que
estão na linha de frente no combate ao coronavírus.
Para tentar amenizar a grande demanda, o Cofen fechou um
contrato para adquirir material de proteção. Cerca de 8 mil máscaras deverão
ser enviadas para o Ceará e distribuídas pela entidade regional, segundo
Albuquerque. Também será oferecido treinamento para melhorar o atendimento
diferenciado nos casos da Covid-19.
"No começo, nossa média era de dois a quatro pacientes
com a suspeita de coronavírus por plantão. Hoje, são 10, 12, 15. Triplicou,
quadruplicou", diz uma enfermeira de outra UPA, que pediu para não ser
divulgada nem sequer a unidade em que ela atua. O quadro é parecido na maioria
delas. Até sexta-feira passada, havia um médico e uma enfermeira para atender
toda a ala dos casos suspeitos de coronavírus na UPA da Leste Oeste. No fim de
semana, a unidade teria recebido reforço de pessoal, mesmo assim o plantão
seguiu bastante agitado.
(O Povo online)
(Foto: Aurelio Alves/O POVO)
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