Os reservatórios que atingiram
capacidade máxima são de pequeno porte e têm pouca influência sobre o quadro
hídrico geral. O Estado atingiu, nesta quinta-feira, a marca de 13
açudes a sua capacidade máxima de armazenamento . Com
as recentes chuvas registradas no Estado, mais três reservatórios começaram a
sangrar nesta semana: Itapebussu, em Maranguape, Muquém, em Cariús, e Angicos,
em Coreaú.
Os outros dez açudes que já haviam vertido suas águas são: Caldeirões
(Saboeiro), Gameleira (Itapipoca), Germinal (Palmácia), Rosário (Lavras da
Mangabeira), Itaúna (Granja), Ubaldinho (Cedro), Do Coronel (Saboeiro),
Tijuquinha (Baturité), Quandú (Itapipoca) e Acaraú Mirim (Massapê). O quadro
atual é bem melhor do que março do ano passado, quando apenas quatro açudes
estavam sangrando no Estado.
Além dos
açudes que já sangraram, outros seis estão com volume acima de 90%
e podem atingir a mesma condição nos próximos dias caso as recargas hídricas
continuem aumentando. Eles são; a Barragem do Batalhão (97,94%). Os açudes de
Sobral (96,12%) e do Valério (95,53%) também concentram bons níveis de reserva.
Completam a lista o Mundaú (93,7%), Batente (92,95%) e Gavião (92,51%).
Mas, mesmo com isso, o Ceará ainda vive um cenário geral de escassez
hídrica . Considerando os 150 açudes monitorados pela Cogerh em todo o
Estado, o volume médio chega a apenas 26% da capacidade. Atualmente, pelo menos
55 reservatórios registram níveis de reserva inferiores a 30%, patamar
classificado pela Cogerh como “estado de alerta”.
O geógrafo Bruno Rebouças, que também é diretor de operações da Cogerh,
comenta que os números registrados até agora indicam que as recentes sangrias
dos reservatórios não provocaram impactos expressivos no quadro hídrico do
Estado.
“Esses açudes que estão sangrando no momento são de pequeno porte, então
são açudes que enchem mais rápido e também secam mais rápido. Ou seja, eles não
têm tanta resiliência a períodos longos de estiagem. Eles têm importância
local, mas no acumulado de uma forma geral a contribuição deles é pequena. Se
você somar todos os açudes que estão sangrando hoje, não dá o volume do
Castanhão”, explica Rebouças.
Segundo o Portal Hidrológico, os 13 reservatórios que atualmente estão
transbordando no Ceará somam, juntos, um aporte de 322 milhões de metros
cúbicos (m³). Como observado pelo especialista, o número é menor do que a
recarga do Castanhão, maior reservatório do Estado. O açude concentra cerca de
859 milhões de m³, volume que corresponde a 12,83% da sua capacidade total.
Volume morto
Mesmo com as chuvas já registradas neste ano, o Ceará contabiliza
17 açudes com nível hídrico abaixo de 5% , o chamado volume morto. Um
deles é o conhecido açude de Cedro, em Quixadá, que tem capacidade para
acumular até 226 milhões de m³. Até a noite desta quinta-feira, 24, o aporte
registrado chegava a apenas 0,01%.
O quadro preocupante, no entanto, não é novidade. O reservatório enfrenta
grave escassez desde 2016, ano em que chegou a ficar completamente seco. Devido
à irregularidade das recargas, as águas da barragem deixaram de ser utilizadas
para abastecimento humano ainda em 2009. A água que chega às torneiras dos
quixadaenses é proveniente de uma adutora construída no século passado. Em
tempos de alta demanda, o consumo é feito mediante sistema de racionamento.
Além do açude de Cedro, também estão em situação
de colapso os seguintes reservatórios: João Luís (4,85%), Várzea do Boi
(1,85%), Cipoada (1,45%), Fogareiro (3,59%), Monsenhor Tabosa (0,0%), Pedras
Brancas (2,75%), Quixeramobim (1,42%), Serafim Dias (0,4%), Umari (3,28%),
Jerimum (0,55%), Salão (3,15%), São Domingos (2,89%), Sousa (0,01%), Madeiro
(0,06%), Riacho da Serra (3,24%) e Pompeu Sobrinho (2,27%).
(O Povo- Online)
(Foto: FABIO LIMA)
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