Casos de hepatite aguda infantil podem ter ligação com Covid
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) investiga cinco casos suspeitos
de hepatite aguda infantil de origem desconhecida no Estado. De
acordo com a hepatologista Elodie Bomfim, do Hospital São José (HSJ), em
Fortaleza, os casos podem ter relação com um tipo de adenovírus que está
causando uma reação imunológica em
crianças que já foram expostas à infecção por Covid-19.
"As pesquisas com esse grupo de crianças
que adoeceram apontam que em metade delas foi isolado um tipo de adenovírus que
circula há muito tempo, e é uma fonte muito frequente de infecções nessa faixa
etária, mas que não costumava causar hepatite. Uma parte considerável dessas
crianças que evoluiu com necessidade de transplante tinha tido Covid-19 há
pouco tempo", explica a hepatologista.
A especialista também pontua que uma nova
infecção que pode ser causada por esse tipo de adenovírus desencadeou uma
resposta imunológica do sistema de defesa das crianças sob investigação, fator
que pode estar agredindo o fígado delas. "Essa teoria não está comprovada
totalmente, mas é a mais acreditada neste momento", esclarece
Elodie.
A insuficiência de fígado foi constatada em
10% dos casos suspeitos no Ceará, segundo a hepatologista. Os relatos
demonstram acometimento de crianças e adolescentes do sexo feminino, com idade
média de 11 anos. As Superintendências Regionais de Saúde de Fortaleza têm
quatro casos (66,7%), a do Norte, um caso (16,7%). O caso em investigação no
Cariri foi descartado.
Sintomas
Os sintomas mais comuns da hepatite aguda
infantil de origem misteriosa, de acordo com a hepatologista Elodie
Bomfim, são febre, vômito, dores abdominais, quadros de diarreia
acompanhados de olhos e peles amarelados, além de urina escura (laranja ou
marrom). "Então, em qualquer situação de pele amarelada, a criança deve
ser levada a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para que ela seja
avaliada", alerta a especialista.
Diagnóstico
O diagnóstico da hepatite aguda infantil de
origem misteriosa é feito, principalmente, por meio das provas de lesão
hepática. Além disso, a hepatolosgista recomenda que profissionais solicitem
exames de TGO, TGP, Gama GT e fosfatase. "Incluindo as provas de
função hepática, que são as dosagens de bilirrubina, albumina e o tempo de
protrombina, que indicarão que há gravidade com sinais de ciência
hepática", pontua Elodie.
A especialista também salienta que a patologia
de origem desconhecida é defininda diante de um quadro de hepatite aguda onde
foi feita sorologia para hepatite A, B, C e E, com resultados negativos.
"Nos casos que tiverem [hepatite] B, a gente faz hepatite delta. Então,
uma hepatite de causa desconhecida, a priori, eu tenho que ter feito no mínimo
essas cinco sorologias com resultados negativos", explica.
O perfil de quem é acometido pela patologia,
de acordo com a hepatologista, é de crianças com menos de cinco anos de idade.
"Três quartos dos casos notificados no mundo estão nessa faixa etária, mas
nós temos crianças maiores e adolescentes com menos de 18 anos", completa
Elodie.
Tratamento
Em casos de crianças diagnosticadas com
hepatite aguda de origem misteriosa, a hepatologista recomenda boa alimentação,
repouso e administração de medicações, receitadas por especialistas, para
tratar cada sintoma manifestado. "Nós não devemos dar nenhum tipo de
anti-inflamatório, como Ibuprofeno, Aspirina, ASS Infantil (ácido
acetilsalicílico) ou Paracetamol, pois é completamente proibido", alerta a
médica.
Como se
prevenir
Para prevenir a infecção de crianças, são
indicados os cuidados semelhantes aos tomados durante a pandemia da Covid-19,
como:
1) Uso de máscara em população de risco e não
vacinados;
2) Higienização rigorosa das mãos;
3) Evitar aglomerações em locais fechados, principalmente com crianças e
pessoas não vacinadas;
4) Manter crianças com algum quadro de gastroenterite, diarreia e vômito
utilizando um vaso sanitário isolado;
5) Manter vasos sanitários sempre higienizados com desinfetante.
(O Povo- Online)
(Foto: Arquivo/
Agência Brasil)
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