Organização Mundial da Saúde declara varíola dos macacos emergência global
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
decidiu neste sábado (23) declarar o surto de varíola dos macacos como emergência
de saúde pública global. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, afirmou que a
organização decidiu subir para o nível máximo de alerta porque o surto está se
espalhando “rapidamente” em todo o mundo por meio de novas formas de
transmissão “das quais sabemos muito pouco”.
Na avaliação da OMS, o risco do vírus
é “globalmente moderado em todas as regiões” do mundo, exceto na Europa, onde o
risco é considerado alto.
De acordo com a entidade, foram
registrados mais de 16 mil casos em 75 países. No Brasil, há 592 notificações,
segundo o Ministério da Saúde.
A
infecção é causada por um vírus que geralmente se manifesta de forma leve. No
entanto, a taxa de mortalidade da doença varia entre 3 e 6% dos pacientes
infectados historicamente, tendo sido confirmados, no atual surto, cinco
óbitos.
Os primeiros sintomas
são febre, dor e surgimento de lesões e feridas em algumas partes do corpo, as
quais podem aparecer entre seis e 13 dias em razão da incubação do vírus,
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esse período, porém, pode chegar até 21 dias em alguns casos.
Nos primeiros cinco
dias, o período de invasão, o paciente pode apresentar sintomas como febre, dor
de cabeça, inchaço nos gânglios (conhecido como "íngua"), falta de
energia, calafrios, além de dores nas costas e nos músculos.
Já após esse período,
aparecem feridas na pele, classificando a segunda etapa da doença. Essas lesões
cutâneas surgem de um a três dias após a febre, concentrando-se no rosto, nas
extremidades do corpo, na palma da mão e na sola dos pés.
Contudo,
podem aparecer, ainda, na genitália, nos olhos e na mucosa da boca. Médicos
relataram que, no atual surto, as feridas têm sido achadas com mais frequência
na região anal e genital, surgindo, inicialmente, com feridas planas, mas
passando a formar pequenas bolhas com líquido antes de ganhar uma espécie de
casca.
Nos casos com marcas
cutâneas, houve registro de pacientes com poucas, enquanto outros chegaram a
ter milhares. Há, porém, casos em que pacientes tiveram apenas uma vermelhidão
na pele, parecida com uma irritação.
Como se proteger
A OMS informou que a
vacina é a principal forma de prevenção contra a doença. Estudos observacionais
apontaram que o imunizante contra a varíola tem efetividade de 85% contra a
varíola dos macacos. Como o vírus contra a varíola foi erradicado, o programa
de vacinação contra essa doença foi paralisado a partir dos anos 1980 — assim,
pessoas com mais de 40 ou 50 anos parecem estar mais protegidas contra o vírus.
Como vacinas mais
atuais estão em falta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou o uso de
máscaras, o distanciamento social e a higienização das mãos. As formas
apontadas para evitar o contágio pela doença, ditas "não
farmacológicas" são similares para proteção contra outras enfermidades,
como a Covid-19.
Diversos casos da
doença foram identificados em homens que fizeram sexo com outros homens, mas a
doença não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). Para
isso, uma doença exige contato sexual para ser transmitida, mas a varíola dos
macacos não necessariamente é passada por relações sexuais.
Segundo o conselheiro
da OMS Andy Seale, a varíola dos macacos não é uma "doença gay", como
pessoas rotularam nas redes sociais. O número relativamente alto de homens
homossexuais com registros da doença se deu porque esse grupo busca mais os
serviços de saúde para realização de prevenções contra o vírus HIV — como a
Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que necessita de acompanhamento — no caso de
surgimento de sintomas.
Tratamento
O Centro de Controle de
Doenças (CDC) dos Estados Unidos comunicou que ainda não há tratamento
específico para infecções por vírus da varíola dos macacos. Como o dessa doença
e o da varíola são parecidos geneticamente, acredita-se que medicamentos e
vacinas contra a varíola também podem ser usados para prevenção e tratamento da
varíola dos macacos.
Com o anúncio da OMS
sobre a enfermidade atual, é esperado investimento em imunizantes e remédios
contra a varíola dos macacos. O diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, afirmou que será possível controlar o surto e parar a transmissão
com as ferramentas disponíveis, apesar de somente metade dos países com casos
registrados tenham acesso garantido a vacinas.
Entretanto, o diretor
de emergências da OMS, Mike Ryan, afirmou que a vacinação não garante proteção
instantânea contra a varíola dos macacos.
(CN7)
(Foto: Redação CN7)
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