O mês de outubro chegou ao fim com
importantes marcas pluviométricas atingidas. A começar pelo volume
médio acumulado, que foi o melhor desde 2014. Conforme a Fundação Cearense
de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), choveu 7,6
milímetros neste mês, o que representa um desvio positivo de 93,8%.
Nesta década, o índice só fica atrás para 2014, cujo acumulado foi de 7,8 mm.
A média histórica
de chuvas para outubro, no Ceará, é de apenas 3,9 milímetros.
No início do mês, o Diário do
Nordeste havia antecipado que, segundo previsão do Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet), a tendência era de que outubro fechasse acima da
média, o que se confirmara. O meteorologista do órgão, Flaviano Fernandes,
credita estes bons volumes a atuação da La Niña.
A La Niña é o
esfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Quando ela
está atuando, aumentam as chances de ocorrência de chuvas em uma porção do
Brasil, que contempla o Ceará.
Ainda conforme o especialista, a mesma
tendência é esperada para os meses de novembro e dezembro.
Hoje, dia 1º, o meteorologista da Funceme, Lucas Fumagalli, aponta
possibilidade de chuvas apenas para a região da Ibiapaba e, amanhã, dia de
finados, "todas as macrorregiões do Estado" podem receber
precipitações.
"Uma frente fria que hoje está no
Sul do Brasil está se deslocando em direção ao Nordeste e isso pode incidir em
áreas de instabilidades no Ceará", detalha. A região do Cariri
pode receber os maiores volumes nesta quarta-feira.
5
vezes superior a média
A porção Sul do Ceará, que pode ser a
mais beneficiada neste início de novembro, concentrou os maiores volumes
pluviométricos neste mês de outubro. Das 8 macrorregiões, o Cariri foi
a que possuiu o maior acumulado médio de chuva.
Conforme levantamento realizado
pelo Diário do Nordeste, com base em dados da Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídrico, a região registrou 54.2
milímetros, índice quase 5 vezes superior a média histórica
(11.1mm).
Este volume é o maior dos últimos 10
anos. E, além disso, havia 8 anos que a região não fechava o mês de
outubro com pluviometria acima da média. Finalizar o mês com chuvas positivas
não é um cenário comum. Das últimas 5 décadas, apenas 18 vezes o Sul do Estado
teve um outubro positivo (36%).
Este índice foi impulsionado pelas
precipitações registradas nas duas últimas semanas do mês. Em apenas três dias,
foram três importantes recordes quebrados: Juazeiro
do Norte registrou sua maior chuva dos últimos 50 anos; Missão Velha obteve
o maior volume do Brasil e, pela primeira
vez em dez anos, não chovia mais de 100 mm em 8 cidades em um intervalo de
24 horas.
Cidades
do Sul se destacam
Dos dez municípios com maiores volumes
acumulados em outubro, todos eles estão localizados na porção do Sul do Estado.
A cidade de Abaiara liderou, com 161 milímetros. O índice
é quase 15 vezes superior a média histórica para o período, que é de 11,2 mm.
Em seguida, aparecem Porteiras
(154 mm), Brejo Santo (133.7 mm), Juazeiro do
Norte (131,8 mm), Missão Velha (129,2 mm), Barbalha
(116,8 mm), Penaforte (113 mm) e Crato (111,5
mm). Fecham as listas dos dez maiores índices as cidades de Milagres
e Jardim, com 102 e 101 milímetros respectivamente.
Piores
regiões
No lado oposto, estão as macrorregiões
da Jaguaribara e Litoral Norte. Elas foram as
que obtiveram os menores índices, com 0,4 milímetros e 0 mm, respectivamente. O
litoral, no entanto, tem média histórica reduzida, de apenas 0,4 mm, em na
Jaguaribara a normal climatológica, para outubro, é de 1,5 mm.
Esta região igualou seu pior desempenho desde 2017, quando outubro daquele ano
ela também registrou apenas 0,4 mm de precipitações acumuladas, o que sinaliza
um desvio negativo de 75, 6%. Todos os dados contidos nesta
reportagem são parciais e podem sofrer atualização.
A Funceme explica que, como alguns
municípios podem atrasar o envio dos dados das chuvas, as médias podem ser
alteradas mesmo após o fim do mês.
Alertas
meteorológicos
Outro fator incomum registrado neste
mês de outubro foi a quantidade de avisos meteorológicos emitidos pelo Inmet. A
pedido do Diário do Nordeste, o órgão federal mapeou todos os alertas
de outubro.
Foram 47 avisos por
decorrência do risco da baixa umidade do ar - cenário habitualmente presente
nestes meses finais do ano - e três alertas para a possibilidade de chuvas e
ventos fortes. Estes alertas, contudo, não são comuns para um mês cujo índice
pluviométrico é de apenas 3,9 mm.
Em setembro, não houve nenhum alerta
apontando para a possibilidade de chuvas fortes e rajadas de ventos. A
tendência, contudo, é que estes avisos, tão frequentes na quadra chuvosa (fevereiro
a maio) voltem a ser emitidos com maior regularidade na porção final
de novembro e início de dezembro, quando oficialmente começa a pré-estação
chuvosa.
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