Butantan desenvolve vacina em dose única para a dengue
O Instituto
Butantan e a farmacêutica norte-americana Merck Sharp and Dohme (MSD)
trabalham em conjunto na elaboração de uma vacina contra
a dengue cuja aplicação será em de dose única.
A
instituição científica brasileira vem trabalhando na Butantan-DV desde 2009,
que está na fase 3 de desenvolvimento clínico. O novo medicamento terá
cobertura contra as quatro variantes do vírus.
Os resultados até agora têm sido animadores, tanto que o Butantan pretende
submeter à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a solicitação do
registro sanitário da vacina em 2024.
Os
dados extraídos dos testes, realizados em mais de 10 mil pessoas, mostraram que
a eficácia do imunizante é próxima de 80% para evitar qualquer forma
sintomática da dengue.
De acordo com o diretor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan, José
Moreira, o grande diferencial da vacina é ser em dose única.
"Isso
facilita a futura incorporação no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Vacinas com esquemas de administração múltiplos acrescentam uma camada de
complexidade ao sistema, principalmente quando estamos falando de contenção de
surtos, em que precisamos vacinar rapidamente uma grande parcela de
indivíduos", explica.
Para acelerar o processo científico e garantir a qualidade, o Butantan conta
com o apoio da farmacêutica norte-americana.
"A
gente fez a parceria para avançar mais rápido. A MSD tem experiência em fazer
vacinas globais para que passem em todas agências regulatórias do mundo. A
ideia é que, trocando tanto resultados quanto experiências, a gente tenha uma
vacina global de altíssima qualidade", afirma o presidente da MSD Brasil,
Hugo Nisenbom.
Ele
ainda acrescenta que a testagem está sendo feita em diversos países, já que, no
Brasil, a dengue dos tipos 1 e 2 é mais comum, enquanto que na Ásia, por
exemplo, os 3 e 4 são os mais frequentes.
A doença, que antes era restrita às regiões tropicais, avançou para outros
continentes e atingiu de forma endêmica mais de 100 países da Ásia, das
Américas e do Pacífico Ocidental.
Somente
no primeiro semestre deste ano, 3 milhões de casos de dengue foram confirmados
no continente americano — superando o total do ano passado (2,8 milhões).
Desses,
2,3 milhões são brasileiros infectados, segundo dados da Organização Mundial da
Saúde (OMS). Peru e Bolívia ocupam o segundo e o terceiro lugares no ranking
dos países mais atingidos pela doença.
Fortalecimento
Para José Moreira, além do fato de ser um imunizante de dose única, boa parte
dele foi desenvolvida no Brasil. "Isso fortalece a soberania do país no
desenvolvimento de vacinas, consolidando o complexo econômico industrial da
saúde", explica Moreira. "Isso é fantástico. Tem que orgulhar a todos
os brasileiros", acrescenta Nisenbom.
No início do ano, a vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda Pharma, foi
aprovada pela Anvisa. Indicada para pessoas de quatro a 60 anos de idade, o
esquema vacinal é de duas doses com intervalo de três meses entre elas.
Atualmente,
o imunizante está disponível apenas em clínicas particulares, mas já fez pedido
para que seja incorporada à rede pública também. O imunizante
do Butantan-MSD deve ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
(Sobral Portal de
Notícias)
(Foto: Reprodução)
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