Violência nas escolas expõe alunos e professores ao medo e à insegurança

 



A escalada da violência que atinge o Ceará tem reflexos diretos no ambiente escolar, transformando um espaço de aprendizado em cenário de medo e insegurança. Ataques e ameaças às unidades de ensino afetam não apenas a rotina das aulas, mas também a permanência dos jovens na escola, comprometendo o rendimento, a saúde emocional e a confiança das famílias.

Especialistas em Educação destacam que a escola não é uma ilha e sofre com os impactos da realidade social e do crime organizado. Em Fortaleza, por exemplo, 16 unidades de ensino chegaram a ter as atividades interrompidas em agosto devido a confrontos entre facções. O resultado imediato desse contexto é a evasão escolar, já que muitos estudantes deixam de frequentar as aulas por morarem em áreas dominadas por facções criminosas.

O pesquisador Rogers Mendes alerta que, quando o acesso é inviabilizado, o direito fundamental à educação é colocado em risco. “Manter escolas funcionando em territórios vulneráveis é uma questão estratégica, mesmo quando isso não parece viável economicamente. É preciso garantir o acesso, ainda que o desafio seja grande”, afirma.

Quando a violência ultrapassa os muros das instituições, o impacto é ainda maior. O medo se espalha entre alunos, professores e famílias, causando dificuldades de atenção, distúrbios do sono, ansiedade e até abandono escolar. A doutoranda em Educação pela Unicamp, Cléo Garcia, lembra que tragédias dentro das escolas rompem a confiança das famílias. “Muitos pais decidem retirar os filhos, e o processo de aprendizagem sofre com atrasos e quedas de rendimento”, explica.

Para o professor Luiz Fábio Paiva, da Universidade Federal do Ceará (UFC), enfrentar o problema exige mais do que medidas de segurança. “As facções se estruturaram como fenômenos sociais, criando laços e impondo valores. A escola precisa oferecer um corpo mais robusto de proteção social, apoio psicológico e integração com a comunidade”, defende.

Nesse contexto, especialistas apontam como caminho o fortalecimento das competências socioemocionais de estudantes e professores, além da oferta de atividades culturais e esportivas que ampliem horizontes e criem vínculos positivos. Porém, como destaca Paiva, falta vontade política e recursos para estruturar uma rede de proteção capaz de dar sustentação às escolas.

Caso em Sobral

Esse cenário se materializou de forma trágica na manhã da última quinta-feira, 25, em Sobral, na Escola de Ensino Médio Professor Luís Felipe. Durante o intervalo, dezenas de estudantes estavam no pátio quando disparos vindos do lado de fora interromperam o recreio. Dois atiradores, posicionados na área do estacionamento, efetuaram disparos em direção à escola.

O ataque resultou na morte de dois adolescentes: Victor Guilherme Sousa de Aguiar, de 16 anos, e Luis Claudio Sousa Oliveira Filho, de 17 anos. Outros três estudantes ficaram feridos. O episódio causou pânico entre alunos e professores, além de deixar a comunidade em luto e reforçar o alerta sobre a urgência de medidas efetivas contra a violência que invade o cotidiano escolar no Ceará.

(Portal folha do vale)

(Foto: Reprodução)

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