Ceará supera Bolsa Família e alcança recorde de empregos formais em 2025
Em
2025, o cenário do mercado de trabalho cearense apresentou uma mudança
histórica. Pela primeira vez, o contingente de pessoas empregadas com carteira
assinada superou o número de responsáveis pelo recebimento do Bolsa Família no
Estado. Dados oficiais do Caged e do Ministério da Cidadania indicam 1.463.099
vínculos formais, enquanto o programa social contabiliza 1.345.986
titulares.
A
diferença é de 117.113 postos de trabalho a mais do que o número de
titulares do Bolsa Família, representando um avanço de 8,7%, com base
nos dados consolidados até outubro deste ano. No levantamento, são considerados
apenas os responsáveis pelo benefício, excluindo dependentes como crianças e
adolescentes, que não fazem parte da população economicamente ativa. Ao todo, o
programa atende cerca de 3,3 milhões de pessoas no Estado.
Para
o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vitor Hugo Miro, o
crescimento do emprego formal ganha ainda mais relevância por ocorrer em um
contexto historicamente desafiador para o mercado de trabalho nordestino.
Segundo ele, a geração de empregos sempre foi um dos principais entraves
estruturais da economia cearense.
Apesar
do cenário positivo, o especialista alerta para a necessidade de cautela na
interpretação dos números. Ao longo de 2025, mais de 325 mil pessoas
deixaram de ser beneficiárias do Bolsa Família no Ceará, mas, segundo Miro,
não é possível afirmar que essa redução esteja diretamente ligada ao aumento
dos empregos com carteira assinada. “Essa saída não deve ser interpretada
automaticamente como evidência de sustentabilidade econômica de longo prazo”,
pondera.
O
professor destaca que parte do aumento de renda pode estar associada a fatores
temporários, como empregos sazonais, ciclos favoráveis do mercado de trabalho
ou ocupações de curta duração. Para ele, o cenário ideal é que a saída do
programa social esteja relacionada a vínculos mais estáveis e rendimentos
contínuos, capazes de garantir segurança financeira às famílias. “Ainda
existem desafios estruturais importantes, como a elevada informalidade e a
concentração dos empregos em poucos setores”, acrescenta.
Segundo
a Secretaria do Trabalho do Ceará, o Estado mantém, desde julho de 2025, a
condição de ter mais trabalhadores formais do que titulares do Bolsa Família.
Ao longo do ano, cerca de 54 mil novos empregos foram criados, com destaque
para os setores de serviços e da construção civil.
O
secretário do Trabalho, Vladyson Viana, avalia que o desempenho estadual
acompanha um movimento observado em todo o país, impulsionado pela retomada dos
investimentos públicos. “Vivemos um ambiente muito favorável para a
geração de emprego e renda”, afirma. Em âmbito nacional, o Brasil vem
registrando as menores taxas de desemprego da série histórica,
alcançando, em novembro, o patamar de 5,9 milhões de pessoas desocupadas,
uma redução de 12% em comparação com o mesmo período de 2024.
Viana
ressalta ainda o papel do Bolsa Família como instrumento de mobilidade social.
Ele destaca a importância da regra de transição do programa, que permite que
famílias continuem recebendo 50% do benefício por um período determinado após
conquistarem uma fonte de renda. Atualmente, cerca de 138 mil famílias
cearenses estão nessa fase de transição, com um benefício médio de R$ 364,
reforçando a função do programa como apoio na passagem para o mercado de
trabalho formal.
(Portal folha do vale)
(Foto: Reprodução)
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