Entenda o que é o golpe da CNH Social e saiba como se proteger
Criminosos
têm se aproveitado do interesse pelo programa CNH Social para
criar sites falsos, enviar mensagens enganosas e pressionar usuários a fornecer
dados pessoais ou pagar taxas inexistentes. O Comprova mostra como a fraude
opera, quais sinais ajudam a identificá-la e
o que fazer para evitar cair em golpes desse tipo.
A CNH
Social, iniciativa do governo federal, entrou em vigor em agosto, por meio da Lei 15.153/2025. A medida provocou uma alteração no Código
de Trânsito Brasileiro, permitindo que recursos arrecadados com
multas de trânsito sejam utilizados no custeio da habilitação de condutores de
baixa renda.
Desde
então, o nome do programa tem sido usado por criminosos que tentam se
aproveitar dos interessados na iniciativa para enganar pessoas e roubar dados
pessoais e dinheiro. Por conta disso, o Comprova explica como essas fraudes têm
ocorrido e oferece dicas para se proteger.
Como os golpistas abordam as
pessoas?
Os golpes
envolvendo a CNH Social vêm sendo identificados pela Secretaria Nacional de
Trânsito (Senatran) e pelos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans) de
diferentes estados. A ação dos criminosos começa com a criação de páginas
falsas que imitam o portal Gov.br, o Detran e o próprio programa CNH Social,
reproduzindo cores, logotipos e estruturas semelhantes às oficiais. A partir
dessas páginas, os golpistas buscam obter dados pessoais e dinheiro das
vítimas.
As
abordagens costumam surgir por meio de mensagens de WhatsApp, SMS, e-mail ou
anúncios nas redes sociais que prometem inscrição imediata e gratuita na CNH
Social.
Para
dar aparência de legitimidade, os golpistas usam linguagem institucional e
apresentam links que levam a sites falsificados. Esses dados e valores são
utilizados para estelionato, clonagem de identidade e outras fraudes
posteriores.
Ao
Comprova, o advogado Carlos Augusto Pena da Motta Leal, especialista em direito
digital e proteção de dados, explicou que os criminosos exploram o
desconhecimento do cidadão sobre os procedimentos oficiais.
“Eles
criam páginas falsas que simulam o ambiente da CNH Digital e induzem o usuário
a fornecer dados pessoais, códigos de verificação ou a realizar pagamentos via
Pix. Também é comum a criação de perfis falsos que oferecem ‘facilidades’ para
emissão ou reativação da CNH”, afirma.
Esse tipo
de golpe manipula emocionalmente a vítima com promessas e senso de urgência.
Como se proteger?
Para não
cair nos golpes envolvendo a CNH Social e a CNH Digital, é essencial observar
alguns sinais comuns utilizados por criminosos. Um dos principais é a pressão
por urgência, com mensagens que afirmam que a vaga precisa ser confirmada
“imediatamente” ou que a CNH será bloqueada caso o usuário não siga as instruções.
Outro alerta é o pedido de pagamento antecipado, geralmente via Pix para contas
de pessoas físicas, prática que não ocorre em nenhum serviço oficial
relacionado à habilitação.
Também é
fundamental desconfiar de links suspeitos, especialmente aqueles que não
pertencem a domínios oficiais do governo.
Sites do
governo federal terminam exclusivamente em .gov.br, enquanto as páginas do
governo do Paraná, por exemplo, utilizam .pr.gov.br. Domínios como govcnh.org e
cnhssocial.org não têm qualquer relação com o programa CNH Social ou com órgãos
públicos.
Além
disso, órgãos governamentais nunca solicitam senhas, códigos de autenticação ou
dados sensíveis por meio de mensagens enviadas diretamente ao cidadão.
Em caso
de dúvida, a orientação é acessar apenas o aplicativo oficial da Carteira
Digital de Trânsito (CDT) ou os canais do Detran. Evite clicar em links
recebidos de terceiros e, sempre que possível, digite manualmente o endereço do
órgão no navegador.
A Secretaria
Nacional de Trânsito (Senatran) disponibiliza uma ferramenta para validar a
autenticidade da CNH, que pode ser utilizada por qualquer cidadão no portal
oficial do órgão. Segundo a Senatran, essa funcionalidade é uma forma rápida e
segura de verificar se o documento é legítimo e regular, contribuindo para
reduzir o risco de fraudes.
Ao
Comprova, o Ministério dos Transportes explicou que trabalha em parceria com os
Detrans de todo o país, utilizando sistemas avançados de reconhecimento, como a
biometria para identificação de candidatos, e integração de dados entre
autoescolas e órgãos de trânsito.
Essas
medidas visam fortalecer a segurança dos processos de habilitação e reduzir a
possibilidade de golpes que se aproveitam da falta de familiaridade do cidadão
com o funcionamento dos serviços oficiais.
A quem denunciar?
As
vítimas devem registrar um boletim de ocorrência sempre que identificarem
tentativa ou consumação do golpe. A recomendação é usar a Delegacia de Crimes
Cibernéticos, quando houver essa estrutura no Estado, ou a Delegacia
Eletrônica, que também recebe denúncias de estelionato digital.
O
registro ajuda as autoridades a rastrear sites, números de telefone e contas
utilizados pelos criminosos.
Também é
importante comunicar ao Detran local o uso indevido do nome da instituição e do
programa CNH Social. No caso do Paraná, o próprio Detran-PR orienta que todas
as suspeitas sejam reportadas pelos canais oficiais, já que o órgão mantém
monitoramento ativo e registra ocorrências para evitar novas vítimas.
Perfis e
páginas falsas encontrados nas redes sociais devem ser denunciados diretamente
às plataformas, que podem remover o conteúdo e bloquear contas envolvidas em
fraudes.
Se houver
pagamento financeiro, a orientação é informar imediatamente o banco ou
instituição responsável pela transação para tentar o bloqueio do Pix ou a
recuperação dos valores, conforme prevê o Mecanismo Especial de Devolução (MED)
do Banco Central. Dependendo do caso, o consumidor também pode procurar o
Procon para registrar uma reclamação e receber orientação adicional.
Por que as pessoas podem ter
acreditado?
Os
golpistas utilizam uma combinação de técnicas de manipulação para convencer as
vítimas. A primeira é a imitação de fontes confiáveis, com sites e perfis que
reproduzem visualmente o Gov.br, o Detran e a Senatran, incluindo nomes, cores,
selos falsos de segurança e domínios parecidos com os oficiais, o que cria a
sensação de que o usuário está em um ambiente legítimo.
A isso
soma-se a manipulação emocional, por meio de mensagens que apelam à urgência,
como “últimos dias para se inscrever” ou “evite o bloqueio da CNH”,
pressionando o cidadão a agir rapidamente e sem verificar as informações.
Os
golpistas também recorrem ao ocultamento de autoria, operando anonimamente para
dificultar o rastreamento da fraude. Além disso, se aproveitam de percepções
comuns sobre programas sociais, como a ideia de que são oportunidades simples,
gratuitas e amplamente acessíveis.
Toda a
operação é estruturada com base em engenharia social, isto é, na persuasão por
meio de elementos plausíveis e visualmente familiares que induzem o usuário a
fornecer dados pessoais, códigos de segurança ou valores via Pix.
Além
disso, o golpe mistura informações reais, como a existência do programa e seus
critérios sociais, com falsas facilidades, criando uma narrativa que parece
coerente justamente por ser parcialmente verdadeira.
Desconfiou
que é golpe? O Comprova pode ajudar a verificar. O Comprova
monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e em aplicativos de
mensagens sobre políticas públicas, eleições e possíveis golpes digitais, e
abre verificações para os conteúdos duvidosos que mais viralizam. Você também
pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Para
se aprofundar mais: O Comprova já detalhou diversas modalidades
de golpes digitais que se apoiam em técnicas semelhantes às observadas no golpe
da CNH Social. Em outras verificações, o projeto mostrou como criminosos
utilizam phishing, engenharia social, clonagem de sites e falsas páginas de
serviços públicos para capturar dados pessoais e induzir pagamentos. Também
demonstrou como golpistas exploram emoções, senso de urgência, ofertas
aparentemente vantajosas e o desconhecimento sobre processos oficiais para
levar vítimas a agir impulsivamente, especialmente em situações que envolvem
Pix, boletos e links compartilhados por aplicativos de mensagens.
O
Comprova já alertou ainda para golpes que utilizam comunicação fraudulenta
imitando órgãos públicos, pedidos de “taxas” inexistentes e tentativas de
simular a interface de sistemas governamentais, como ocorreu no golpe da falsa
taxa da alfândega e em sites que se passam por plataformas federais de
serviços. Nessas apurações, o projeto explicou os principais sinais de falsificação,
os riscos de fornecer dados sensíveis e a importância de sempre verificar a
autenticidade de domínios e canais oficiais antes de seguir qualquer instrução
recebida pela internet.
O
Diário do Nordeste integra a coalizão de veículos de comunicação para verificar
informações falsas e conteúdos enganosos e combater a desinformação. Esta
checagem foi produzida por A Gazeta e Zero Hora. A investigação foi verificada
por O Dia, Terra e Estadão.
(Diário do Nordeste)
(Foto: Shutterstock)
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