Embarque pela frente ainda confunde usuários

De acordo com a Etufor, a nova determinação é uma demanda que garante mais segurança mecânica ao veículo ( Foto: Saulo Roberto )
O projeto piloto ainda está sob análise dos técnicos da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor)
Após mais de dois meses da mudança de posição das catracas de 57 ônibus, distribuídos em 18 linhas de Fortaleza, alguns usuários continuam enfrentando dificuldades no embarque e desembarque. Sem previsão de término ou expansão, o projeto piloto ainda está sob análise pela Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) e não exibiu resultados concretos em relação a mudança. A equipe do Diário do Nordeste acompanhou a viagem de uma das rotas com o novo recurso, na última terça-feira (26), para ouvir a opinião dos usuários e funcionários a respeito da alteração.
De acordo com a Etufor, a nova determinação é uma demanda que garante mais segurança mecânica ao veículo, já que o eixo traseiro do ônibus é mais resistente e pode suportar a concentração de um grande número de pessoas. Os ônibus utilizados operam em linhas de pequenos trajetos, interligando os bairros aos terminais. Fortaleza é a única Capital que ainda mantém a catraca na parte traseira em maioria dos veículos.
Outra justificativa adotada pela Etufor para a mudança seria melhorar a agilidade no processo de embarque e desembarque. Entretanto, a motivação é questionada por alguns profissionais da área. Na visão de um dos motoristas, que prefere não se identificar, as mudanças não trouxeram benefícios, neste aspecto. "Na realidade isso atrapalha o tempo da gente, porque nós não temos visão apropriada, principalmente quando o transporte está lotado", afirma.
Idosos
Na opinião do motorista, a situação de quem tem idade avançada é ainda mais complicada. Ele afirma que no caso dos idosos de mobilidade reduzida, quase sempre o critério seguido é o mesmo das linhas tradicionais: o passageiro embarca pela frente e desce pelo mesmo local.
No novo modelo, o procedimento adequado é o desembarque pela porta de trás, sendo a gratuidade assegurada por meio de um passe livre que fica em posse dos cobradores. O cobrador que estava na mesma linha e também preferiu preservar a identidade, reforça que não houve grandes alterações no exercício do trabalho, mas que a mudança causa pequenas complicações. "Ainda gera algumas confusões, porque não é o procedimento certo a ser a ser adotado, mas mesmo assim fazemos", aponta.
A atendente de telemarketing Ana Paula Lima, 29, diz que, apesar de boa parte das pessoas estarem cientes da nova organização, ainda surgem problemas. "Mudar qualquer coisa sempre traz novas questões a serem discutidas. Para o idoso, eu vejo que não é tão bom por causa da descida. Já vi muitas vezes discussões por conta do risco que acaba tendo", pontua.
No entanto, segundo a advogada Ana Lúcia Cavalcante, 60, a mudança não está levando transtornos aos usuários. Usuária da linha diariamente, Lúcia aponta que apenas nos primeiros dias houveram problemas a respeito. "De começo, ficava mais complicado na hora do embarque, mas agora já estou acostumada", confirma.
Ainda há esforços por parte da Etufor para a orientação dos passageiros que embarcam nos pontos de ônibus. Em cada veículo, há placas de sinalização que orientam que a entrada seja feita pela porta dianteira. No início das operações, a Etufor divulgava a mudança por meio de panfletagens realizadas pelos funcionários, em parceria com o Sindiônibus, repassando as novas orientações aos usuários. A assessoria da Etufor apontou que o projeto ainda está em fase de análise e que não há previsão de divulgação dos primeiros resultados.

Diário do Nordeste

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