Policial
Denúncia revela que equipes da Ciopaer não podem mais participar de caça a bandidos
Os helicópteros da Coordenadoria
Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), que atuavam no combate ao crime na
Grande Fortaleza e no interior do estado, auxiliando as forças policiais
terrestres em caçadas a bandidos em matagais, serras, na caatinga e no mar,
podem não mais não mais participarem dessas operações, o que representa para a
Segurança Pública Estadual um retrocesso no combate à violência.
A ordem
para que operações deste tipo sejam evitadas ou “abortadas” partiu do próprio
comando da instituição. Na circular interna número dois de 2017 (CI 2/2017),
assinada no dia 15 de dezembro último, o coordenador geral da Ciopaer, delegado
de Polícia Civil e piloto, Aristóteles Tavares Leite, ordenou o fim
das operações.
O Cerá News 7 teve acesso, com
exclusividade, ao documento interno da Ciopaer em que o delegado Tavares ordena
que sejam “vedados” os voos com deslocamento à frente “com vistas à
identificação de veículos e pessoas suspeitas, bem como voo pairado abaixo de
100 pés sobre o terreno. Para estas finalidades o piloto deverá manter a
aeronave a uma altura segura em relação ao solo e demais obstáculos e
pedir apoio de tropas em terras. Caso não haja esse apoio, a missão deverá ser
abortada”, diz o documento.
Em tese, a
ação das aeronaves da Ciopaer foi invertida. Antes, os helicópteros davam o
apoio às patrulhas em terra. Com a determinação do coordenador, as tripulações
é quem deverão pedir o apoio das forças terrestres.
Acidente
A
determinação vai mais além, proibindo os pilotos de “efetuarem varredura sobre
matagal em busca de suspeitos armados”, assim como também estão vedados “voos
sobre o litoral, em áreas de praia, sobre a faixa de areia”. Diz o documento
que, “os voos sobre o mar, nas áreas de praia, deverão ser realizados a uma
altura mínima de 200 metros, exceto em operações de resgate real ou para
averiguação de possíveis vítimas de resgates”.
O
comandante explica que as determinações foram tomadas após um episódio de um
acidente aeronáutico ocorrido no dia 10 de novembro do ano passado, envolvendo
o helicóptero “Esquilo” batizado de “Fênix 02”, baseado no núcleo da Ciopaer em
Juazeiro do Norte.
A atitude
do coordenador da Ciopaer logo gerou uma onda de insatisfação e revolta dentro
da tropa daquela unidade e, neste fim de semana, um manifesto circulou entre pilotos
e demais tripulantes das aeronaves daquela unidade operacional vinculada à
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Intitulado “O crime
organizado ganha apoio aéreo da Ciopaer”, o panfleto começa com a seguinte
denúncia: “não obstante as atividades duvidosas do coordenador da Ciopaer, com
determinações absurdas que vão de encontro à razão de ser de qualquer
grupamento aéreo, por último, decretou o fim das atividades aéreas
policiais com uma determinação esdrúxula tendo como pano de fundo um acidente
aeronáutico”.
“Imagine o
epicentro de uma ocorrência em uma área de difícil acesso! Pela nova
determinação, a aeronave deverá solicitar apoio terrestre de viaturas, não
podendo efetuar nenhuma intervenção e estará restrita, tão somente, a observar
o que estiver acontecendo entre policiais e bandidos (de camarote). Assim,
sairia mais vantajoso para o estado adquirir drones ao invés de helicópteros. É
tão absurdo que contraria todo o treinamento do curso de formação de
tripulante, que ficou sem função a bordo, sem poder atuar naquilo em que foi
treinado. Um retrocesso operacional jamais visto em nenhum grupamento aéreo do
País”, diz o manifesto dos pilotos.
Secretário enganado
Para
finalizar, o manifesto ainda faz uma grave revelação. Segundo o documento, o
coordenador da Ciopaer estaria “enganando” o próprio secretário da Segurança
Pública, delegado federal André Costa, ao informar que a unidade funciona 24
horas.
Segundo o
texto: “o secretário da segurança, enganado, jura que o serviço das aeronaves é
24 horas, mas o coordenador autoriza os pilotos a dormirem em casa, ficando de
sobreaviso para o caso de uma chamada. Que os bandidos e os policiais esperem
os pilotos chegarem na Ciopaer e só daí decolarem. Uma palhaçada aérea”.
Regras normatizadas
Ouvido pelo Ceará News 7, o porta-voz da Ciopaer,
tenente-coronel PM Marcus Costa, contestou as denúncias. Segundo o oficial, o
coordenador da instituição, delegado de Polícia Civil Aristóteles Tavares
Leite, tão somente oficializou e normatizou o que já era feito pelos pilotos
para a segurança da tripulação e da própria aeronave.
Conforme
Marcus Costa, prioritariamente, as aeronaves prestam o apoio necessário às
equipes terrestres, e isto deve ser feito dentro dos padrões de segurança para
evitar riscos de acidentes como colisões em árvores ou outros obstáculos e, nos
casos de voos no mar, evitar até mesmo assustar ou causar acidentes aos
banhistas. “Essas regras existem desde o tempo do Grupamento Aéreo da Polícia
Militar (que originou a Ciopaer) e foram apenas formalizadas em documento pelo
coordenador e assinado por todos nós pilotos. São recomendações de segurança,
normatizando o que já era feito”, reiterou.
O site
tentou ouvir o coordenador Aristóteles Tavares, mas foi informado de que no
momento ele está viajando.
Confira o documento
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