Segundo Dilma Rousseff, a Netflix está sendo usada para fazer campanha política ( Foto: Roberto Stuckert Filho/PR ) |
A ex-presidente Dilma
Rousseff (PT) afirmou nesta segunda-feira (26) que a Netflix está
sendo usada para fazer campanha política ao
disponibilizar a série "O Mecanismo", de
José Padilha. Ela declarou que pretende alertar lideranças políticas de outros
países sobre o caso.
Ela disse
crer que a direção do serviço não tem conhecimento sobre o impacto político da
série, lançada esta semana.
Petistas
têm criticado o fato da produção ter incluído cenas inverídicas que prejudicam
o partido — como incluir a expressão "com Supremo, com tudo" numa
fala do personagem análogo ao ex-presidente Lula. Padilha diz que
a série é uma ficção, embora seja baseada em fatos reais.
"Netflix
não pode fazer campanha política. Vou falar para as lideranças políticas que eu
encontrar. 'Se está fazendo aqui, fará em seu país.' Acho importante que a
gestão do Netflix saiba. A direção do Netflix não sabe onde está se metendo.
Não vejo porque uma estrutura como aquela se meter onde está se metendo",
disse Dilma.
A
ex-presidente convocou uma coletiva de imprensa para comentar os ataques à caravana do
ex-presidente Lula na região Sul. Ela respondeu perguntas apenas da imprensa
estrangeira.
Dilma
disse que os ataques sofridos pela caravana é consequência do impeachment sofrido
por ela — o que chama de golpe. Ela afirmou que a interrupção de seu mandato
provocou uma expansão da intolerância no
país.
"O
que conseguiram com esse processo foi a expansão do ódio, de reprodução desse
ódio em escala nacional, um nível de intolerância muito grande e a grande
difusão de pequenos grupos de extrema direita pelo
país", afirmou ela.
A petista
classificou o impeachment como o "ato inaugural do golpe", e comparou
a radicalização ocorrida após sua queda ao recrudescimento da violência ao
longo dos anos da ditadura militar.
"O
golpe [militar] foi em 1964. Houve um momento de radicalização em 1968. O golpe
se instalou ao longo de todo um processo", disse a ex-presidente.
"O
que está acontecendo com a caravana do Lula reflete o que está acontecendo com
a política do Brasil. É um exemplo do que passará nessa campanha", disse
Dilma.
Ela
vinculou ainda a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) ao
clima de radicalização no país.
"Todo
golpe se radicaliza e aumenta o grau de violência que ele utiliza para conter o
grau de consciência das pessoas e conter a expressão política. Como eles não
conseguem conter com argumentos, utilizam formas mais violentas. Acho que com a
vereadora Marielle aconteceu isso. É possível aceitar que matem uma mulher por
um crime de opinião?", disse a ex-presidente.
Dilma
sugeriu ainda que a interrupção de seu mandato teve influência estrangeira. Ela
citou fala de Kenneth Blanco, ex-vice-procurador geral adjunto do Departamento
de Justiça dos EUA, segundo quem houve uma cooperação informal com procuradores
da Operação
Lava Jato. A informação consta de petição do ex-presidente Lula
ao juiz Sergio Moro.
"É
uma confissão de uma ilegalidade. Só o ministro da Justiça pode fazer acordo.
Eu acredito que houve alguma interferência [estrangeira no impeachment]. A
história vai mostrar qual", disse Dilma.
A
ex-presidente ironizou o fato de diversas máquinas usadas para fazer o bloqueio
nas estradas da região terem sido financiadas pelo governo federal nos mandatos
do PT na Presidência.
A petista
voltou a negar que o partido tenha um "plano B" a Lula para a candidatura
presidencial. E disse que ainda está avaliando se disputará
algum cargo este ano.
"Nem
eu sei. Quanto mais desafio, eu vou", disse ela.
Diário do Nordeste
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