Mata Atlântica concentra maior número de espécies ameaçadas e extintas no Brasil.
Considerando o
bioma a menor proporção de cobertura original preservada, Mata Atlântica possui
1.989 espécies ameaçadas segundo levantamento do IBGE.
Dos biomas brasileiros, a Mata Atlântica concentra o
maior número total de espécies ameaçadas de extinção, considerando
fauna e flora (1.989), além de deter o maior número de espécies
extintas (6). Entre 2010 e 2018, as espécies do bioma, que tem a menor
proporção de cobertura original preservada, sofreram um aumento do risco de
extinção em todos os ambientes — terrestre, água doce e marinho.
No ranking das espécies ameaçadas, o Cerrado (1.061) tem a
segunda posição, seguido pela Caatinga (366 espécies). As informações constam
na pesquisa “Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção no
Brasil 2014”, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 5,
O levantamento aborda espécies e seu estado de conservação na
natureza, detalhadas por biomas – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata
Atlântica, Pampa, Pantanal e Mar e ilhas oceânicas – e tipos de ambiente
(terrestre, água doce e marinho).
No estudo, foi observado o estado de conservação das espécies em
2010, 2014 e 2018. Para avaliar as variações em relação ao risco de
extinção das espécies ao longo dos anos, a pesquisa utiliza o Índice da
Lista Vermelha (ILV).
Os valores do ILV variam de 0% a 100% e são como uma
proporção do número de espécies em cada categoria de risco de extinção (com
pesos maiores para categorias de maior risco) em relação a um cenário ideal em
que todas as espécies avaliadas estão na categoria “Menos Preocupante”.
Dessa forma, um valor do ILV igual a 100%, por exemplo, equivale
a todas as espécies sendo categorizadas como “Menos Preocupantes”. Ou
seja, não se espera que nenhuma seja extinta no futuro próximo. Enquanto isso, um
valor do ILV igual a 0% indica que todas as espécies foram extintas.
Confirmando o que já se evidenciava nas análises anteriores, entre 2010 e
2018, as espécies da Mata Atlântica sofreram um aumento do risco de
extinção em todos os ambientes, representado pelas seguintes reduções
do ILV: de 0,23% das espécies terrestres; 0,22% das espécies de água doce; e
0,11% das espécies marinhas. Segundo a análise do IBGE, tal evolução indica que
houve um aumento do grau de ameaça, logo, do risco de extinção de
espécies, no bioma, nos três tipos de ambientes.
Maior ação humana
Sendo a região com maior presença de ambientes antropizados
(que possuem ação do homem), a Mata Atlântica se destaca ainda
pelo maior número total de espécies ameaçadas proporcionalmente aos maiores
números de espécies avaliadas (25% das espécies do bioma estão em
categorias ameaçadas), e é o bioma de ocorrência original do Mutum-do-Nordeste
(Pauxi mitu), espécie atualmente extinta na natureza, cuja
sobrevivência depende de programas de reprodução em cativeiro.
Cerca de 12% das espécies que ocorrem na Mata Atlântica são categorizadas
como “Dados Insuficientes”, e cerca de 5% como "Quase Ameaçadas". Essa
é a segunda maior proporção de espécies sem dados entre os recortes ecológicos
analisados na pesquisa, ficando atrás apenas dos mais de 14% no Mar e
Ilhas Oceânicas.
Veja resumo da
situação em outros biomas do Brasil
Amazônia
Ainda sobre a variação percentual do ILV, entre 2010 e 2018, das espécies
terrestres, de água doce e marinhas de cada um dos biomas, a pesquisa mostrou
que a Amazônia, marcada pelos recordes de focos de incêndios em 2020,
teve piora do ILV em todos esses ambientes.
Desse modo, houve um aumento do risco de extinção, representado pelas
seguintes reduções do ILV: de 0,83% das espécies terrestres; 0,55% das espécies
de água doce; e 0,12% das espécies marinhas.
A Amazônia possui 5.944 espécies avaliadas considerando
fauna e flora. Apesar desse alto número total de espécies avaliadas, dado sobre
espécies ameaçadas é relativamente baixo (278 espécies) — equivalente a uma
proporção de cerca de 5%.
Pouco mais de 9% das espécies avaliadas que ocorrem na Amazônia são
categorizadas como “Dados Insuficientes”, e cerca de 2% como “Quase Ameaçadas”.
Além disso, o bioma Amazônia apresenta a segunda maior proporção de espécies na
categoria “Menos Preocupante” (84,3%).
Pantanal
No Pantanal, que já perdeu 19% da área por queimadas em 2002, a
principal variação do ILV foi observada no ambiente de água doce, com uma
redução de 0,33%.
Considerando fauna e flora em conjunto, o Pantanal apresenta a menor
proporção de espécies ameaçadas entre os biomas (cerca de 4%). Cerca de 5% das
espécies do Pantanal são categorizadas como "Dados Insuficientes" e
2% são consideradas "Quase Ameaçadas de Extinção". O Pantanal
apresenta ainda a maior proporção de espécies na categoria "Menos
Preocupante" (88,7%).
Em relação à fauna no ambiente terrestre são registradas 35
espécies ameaçadas no Pantanal (cerca de 4% das espécies avaliadas no
bioma. Além dos dados visíveis no gráfico, há uma espécie extinta no Pantanal -
a ave Maçarico- esquimó (Numenius borealis), que já havia sido
registrada no bioma, além dedo Pampa e na Mata Atlântica.
Pampa
Enquanto isso, os ambientes terrestres e de água doce do bioma Pampa
permaneceram estáveis, e o ambiente marinho apresentou uma
redução de 0,10%. São registradas 38 espécies ameaçadas de extinção
entre a fauna no ambiente terrestre do Pampa (cerca de 5% das espécies
avaliadas no bioma).
Há duas espécies na categoria extinta no Pampa: as aves
Peito-vermelho-grande (Sturnella defilippii) e Maçarico-esquimó (Numenius
borealis). Em contraste com os demais biomas, o ambiente de água doce no
Pampa possui uma proporção de espécies ameaçadas maior do que o ambiente
terrestre (48 espécies, 8% das espécies de água doce do Pampa).
Cerca de 5% das espécies da fauna de água doce são categorizadas como
"Dados Insuficientes", ressaltando a necessidade de melhores informações
para grupos como os peixes continentais e invertebrados de água doce.
Caatinga
Com 71% das espécies estão na categoria de menor preocupação em relação à
ameaça de extinção, o bioma Caatinga teve a menor variação do ILV entre
os demais do País, registrando uma pequena redução das espécies de
água doce (-0,02%) e valores estáveis nos demais ambientes.
Por volta de 7% das espécies que ocorrem na Caatinga são categorizadas
como "Dados Insuficientes", e cerca de 4% como "Quase
Ameaçadas". Dentre as espécies avaliadas considerando fauna e flora, 2.015
ocorrem no bioma Caatinga. O número total de espécies ameaçadas de extinção foi
de 366 espécies (cerca de 18% do total avaliado).
Cerrado
Detendo o segundo maior número de espécies ameaçadas, o Cerrado teve uma
redução do ILV, de 0,22% das espécies terrestres, e de 0,22% das espécies de
água doce. Segundo a pesquisa, a evolução indica que houve um aumento
do risco de extinção de espécie, no bioma, nesses dois ambientes. Já o
ambiente marinho permaneceu estável.
Cerca de 10% das espécies do Cerrado são categorizadas como “Dados
Insuficientes” e quase 4% são consideradas “Quase Ameaçadas de Extinção”, sendo
prioritárias para novas pesquisas por terem grande chance de se enquadraram em
uma das categorias de ameaça. O Cerrado apresenta a segunda menor proporção de
espécies na categoria “Menos Preocupante” (67%).
A pesquisa do IBGE mostrou ainda que as espécies marinhas das ilhas
oceânicas e do Sistema Costeiro-Marinho foram os únicos grupos a apresentar
melhora nos valores do ILV (0,39% e 0,02%, respectivamente).
Avaliações nacionais
Atualmente são reconhecidas no Brasil um total de 49.168 espécies de
plantas e 117. 096 espécies de animais, com estimativas de que o número de
espécies animais ultrapasse 137 mil. Desse total, o Centro Nacional de
Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ)
realizou até 2014 a avaliação de 4.617 (11%) espécies da flora, e o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) avaliou 12.262 (10%)
espécies da fauna.
A análise do IBGE considera as as listas de espécies nacionais oficiais
do ano de 2014, resultantes de avaliações do estado de conservação da fauna e
da flora publicadas pelo ICMBio e pelo CNCFlora/JBRJ.
(O
Povo- Online)
(Foto: Arquivo/Agência Brasil)
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