Exame será
aplicado pela primeira vez para 93 mil estudantes.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital, que começa a
ser aplicado no próximo domingo (31) marcará o início de uma mudança no
sistema. Neste ano, ele será aplicado pela primeira vez de forma piloto para 93
mil estudantes. A intenção é que o Enem se torne totalmente digital até 2026.
Segundo professores entrevistados pela Agência Brasil, isso influenciará também
o preparo para o exame. Os estudantes precisarão, por exemplo, ter mais
familiaridade com o computador e com o sistema da prova
De acordo com o diretor de Ensino e Inovações Educacionais do
SAS Plataforma de Educação, Ademar Celedônio, o uso de tecnologias nas salas de
aula, que vem ocorrendo, poderá se intensificar ainda mais. “O Enem pode
acelerar ainda mais, mas a gente tem dificuldades grandes, a gente sabe das
desigualdades sociais que tem o Brasil”, diz.
Fazer a prova no computador, para quem já está familiarizado
com o equipamento, é mais fácil, explica o professor. No Brasil, 22% das
escolas de ensino médio não têm laboratórios de informática, de acordo com os
dados do Censo Escolar compilados pela plataforma QEdu. De acordo com a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação
e Comunicação (PNAD Contínua TIC) 2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o computador é usado por 50,7% dos brasileiros.
“Temos o desafio de, até 2026, mudar isso”, diz Caledônio,
que elogia a iniciativa do Inep. A digitalização possibilitará mudanças no
exame, que poderá, por exemplo, ser aplicado mais vezes por ano. Poderá também
usar mais recursos como vídeos, GIFs, entre outros. “O Inep está trazendo uma
vanguarda. Poucos países do mundo têm isso em um exame dessa escala”, afirma.
Para o professor de história do CEL Intercultural School,
Rômulo Braga, o maior uso de tecnologias já é uma tendência, independentemente
do Enem. “Depois de 2020, todo mundo está mais digital, ou pelo menos tentando
estar. Ainda assim, temos um longo caminho até usarmos menos papel e livros
físicos, se é que isso será interessante. De qualquer forma, a depender do
formato das questões, não será o Enem digital que “puxará” a necessidade de novas
experiências digitais”.
Preparo
O preparo para o Enem digital também é um pouco diferente do
que para o Enem impresso e deve incluir aprender a manejar a plataforma. As
questões objetivas serão respondidas no próprio computador, então os
participantes não precisarão reservar um tempo para preencher o
cartão-resposta. “Agora é preciso ter outras habilidades, inclusive para
mensurar o tempo”, diz Caledônio.
Os professores estão ambos inscritos no Enem digital. A dica
de Caledônio para o preparo é que os estudantes assistam ao vídeo que o Inep
disponibilizou junto com o cartão de confirmação de inscrição, na Página do
Participante. O cartão contém, entre outras informações, o local de prova. Para
os inscritos no Enem digital há também um vídeo que explica como funciona o
sistema. “Vai dar segurança para o candidato em relação a isso”.
Já Rômulo Braga sugere “o mesmo preparo que foi feito para o
Enem impresso: muita calma e concentração. Junto a isso, tentar não cansar
muito os olhos no dia anterior e na manhã da prova, já que serão algumas horas
olhando para uma tela. E, caso haja tempo hábil, resolver as questões do Enem
impresso, como forma de treinamento”.
O Inep disponibilizou na quarta-feira (27) os cadernos de
prova e os gabaritos oficiais do Enem impresso, aplicado nos últimos domingos,
17 e 24.
Enem Digital
O Enem 2020 tem uma versão impressa, que foi aplicada nos
dias 17 e 24 de janeiro, e uma versão digital, que será aplicada nos dias 31 de
janeiro e 7 de fevereiro. Cerca de 2,5 milhões de estudantes fizeram as provas
do Enem impresso, o que corresponde a menos da metade dos inscritos. Para o
Enem digital, estão inscritos 93 mil participantes.
As medidas de segurança adotadas em relação à pandemia do
novo coronavírus são as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital.
Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o
distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da
prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta,
tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso,
álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.
Candidatos com sintomas de covid-19 ou outra doença
infectocontagiosa foram orientados a não comparecer ao exame. Eles devem
notificar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) pela Página no Participante e terão direito a fazer o exame na
data da reaplicação, nos dias 23 e 24 de fevereiro.
O exame, tanto o impresso quanto o digital, foi suspenso no
estado do Amazonas e o impresso foi suspenso em Rolim de Moura (RO) e em
Espigão D’Oeste (RO) devido aos impactos da pandemia nessas localidades. Esses
estudantes poderão fazer as provas também na reaplicação. Segundo o Ministério
da Educação, foram cerca de 20 ações judiciais, em todo o país, contrárias à
realização do exame.
(CN7)
(Foto: Redação CN7)
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