Ao menos 5,3 milhões de pessoas da população em geral estão na fila da vacina da Covid no Ceará.
Desde janeiro, o
Estado recebeu 4 milhões de doses dos imunizantes. Agora, é preciso ter mais
que o dobro desse total para assegurar a 1ª e a 2ª aplicação.
Uma fila
com, ao menos, 5,3 milhões de pessoas entre 18 e 59
anos aguarda no Ceará para finalmente tomar a vacina contra a Covid. A estimativa, que
deve aumentar, inclui todos os não inseridos em nenhum dos grupos
prioritários nas 184 cidades. Os dados são do Saúde Digital, sistema da Secretaria
Estadual da Saúde (Sesa) para o registro da vacinação.
Com essa
proporção, o Ceará precisará de, ao menos, 10,7 milhões de doses, mais que o
dobro dos 4 milhões enviados, até agora, pelo Governo Federal.
A
plataforma Saúde Digital foi criada pelo Governo do Estado para um maior
controle sobre o procedimento da vacinação. Ela foi usada para definição das
metas dos grupos prioritários e, agora, deve servir para as projeções sobre as
demandas do público geral, cuja vacinação começa este mês.
Todos os moradores do Ceará a serem vacinados devem estar
obrigatoriamente cadastrados na plataforma. As 184 cidades do Ceará estão
conectadas à plataforma, segundo a Sesa.
Até o dia
2 de junho, dentre o público geral, o mais numeroso na fila para
receber o imunizante no Estado é o mais jovem, de 18 a 19
anos, com 846 mil pessoas aguardando. Em seguida, há aqueles
que têm de 20 a 24 anos, com 822 mil pessoas.
Mas, essa
etapa da vacinação ocorrerá de forma escalonada, por idade, em ordem
decrescente. Portanto, os primeiros a serem vacinados devem ser os 313
mil moradores que têm entre 55 e 59 anos.
Para iniciar essa etapa de imunização, é preciso que a cidade tenha cumprido,
ao menos, 90% das metas das quatro fases prioritárias do
Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Na conta
fica de fora a população menor de 18 anos, já que, até o momento, no geral, não
há dados disponíveis de segurança e eficácia das vacinas usadas no Brasil para
esse público.
Em
Fortaleza, onde o processo de imunização da população geral terá início domingo (6), ao menos, 1,6
milhão de pessoas aguardam nessa fila. Outras cidades de grande contingente
populacional como Caucaia, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Sobral, Crato e
Maranguape aparecem logo na sequência.
Expectativa para a
proteção
Dentre os
milhares que aguardam a imunização, há inúmeros cuja ansiedade da espera é
ainda maior, diante das dores provocadas pelas perdas de parentes para a
doença. No Ceará, até o momento, mais de 20 mil pessoas morreram devido à Covid.
A
assistente de atendimento no ramo funerário, Maria Geliane Pinheiro, de 36
anos, moradora de Fortaleza, está no aguardo e relata "a expectativa é
grande para esse momento". Ela é uma das milhares de pessoas
enlutadas no Estado devido à Covid.
Tem sido muito difícil. A pandemia continua. E pelo cenário
que a gente vive hoje, parece que foi ontem (a perda) porque a doença
continua".
Maria Geliane Pinheiro,
Assistente de atendimento no ramo funerário
Geliane,
que é assistente de atendimento no ramo funerário e teve Covid-19 em março de
2020, ressalta que a torcida é para que "chegue logo sua vez na
vacina" e completa: "existem duas questões, quando eu vejo muita
gente já se vacinando, causa aquela felicidade e também um pouco de tristeza,
porque penso, por que a vacina não chegou antes?".
Cobertura vacinal
No
Estado, até o dia 1º de junho, foram aplicadas 2,85 milhões de doses da vacina,
das quais 1,09 milhão de pessoas receberam as duas doses e 1,76 milhão tomaram
só a primeira. No Ceará, no atual momento, são aplicados três imunizantes
distintos: Coronavac, AstraZeneca e Pfizer.
O biomédico e microbiologista, Samuel Arruda, explica que há um consenso
científico que estipula ser ideal que a cobertura vacinal alcance entre 75% e
90% do público-alvo. “E quando a cobertura vacinal diminui, os casos voltam a
se manifestar”, acrescenta.
A meta estabelecida é dada pelo tamanho da população, ou a
população mais afetada. “É feita uma projeção que, se todo esse grupo tiver
vacinado, é o suficiente para proteger as pessoas que não podem ser vacinadas
por alguma condição”.
Samuel Arruda
Biomédico e microbiologista
Samuel
reforça que se for acima de 90% é ainda mais indicado, contudo, na atual
situação da pandemia, “a gente lida com o aceitável de até 75%”, completa. Ele
acrescenta que as metas de vacinação são traçadas com base na proteção
necessária a ser alcançada. O cálculo considera o número de indivíduos que
podem ser afetados pela doença, diz ele.
(Diário do Nordeste)
(Foto: Thiago Gadelha)
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