Número de empresas ativas cresceu 3,7% no Brasil em 2020
O número
de empresas e outras organizações ativas no Brasil cresceu 3,7% entre 2019 e
2020, chegando a 5,4 milhões. Mesmo com esse aumento, o total de pessoas
ocupadas assalariadas em empresas diminuiu 1,8% no mesmo período, o que
significa 825,3 mil postos de trabalho formais a menos no país.
As
mulheres foram as que mais perderam postos de trabalho. Os dados são da
pesquisa Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre) 2020 divulgada
hoje (23), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
É a
primeira vez, na série histórica do estudo, desde 2008, que a queda no número
de assalariados ocorreu ao mesmo tempo em que houve aumento expressivo no total
de empresas. Esse movimento pode ter sido ocasionado, de acordo com o
instituto, por pessoas que foram demitidas e tentaram abrir seu próprio negócio
ou por quem buscava compensar as perdas de renda nesse período.
“A
gente não imagina, em período de forte crise econômica, ter aumento de
empresas. Mas, ao mesmo tempo, isso é explicado pelo crescimento de empresas
que não possuem assalariados”, disse o gerente da pesquisa, Thiego Ferreira.
“Apesar
de todos os esforços, inclusive políticos, e das políticas públicas para manter
os empregos, ocorreram, naturalmente, demissões. Muita gente teve redução na
renda ou porque foi demitida ou porque teve diminuição da jornada de trabalho e
isso pode ter motivado a busca dessas pessoas por abrirem seus próprios
negócios”, argumentou.
Menos
funcionários e salários menores
Entre
2019 e 2020, o número de empresas sem empregados assalariados cresceu 8,6%, o
que significa 227,3 mil empresas a mais em 2020. Já as empresas com
assalariados recuaram em todas as faixas analisadas. As com um a nove
empregados caíram 0,4%; as com 10 a 49 empregados, 5,3%; as com 50 a 250
assalariados, 2,3%; e as com mais de 250 funcionários tiveram uma redução de
1%.
Os
dados mostram, ainda, que o salário médio pago pelas empresas do país em 2020
caiu 3% em relação a 2019, chegando a R$ 3.043,81, ou o equivalente a 2,9
salários mínimos. Já a massa salarial, que atingiu R$ 1,8 trilhão, teve um
recuo de 6% em relação a 2019, o que representou, segundo o IBGE, a maior
redução na série histórica da pesquisa. Essa perda salarial foi, segundo o
instituto, intensificada pela redução no número de assalariados.
Em
relação às unidades federativas, o Distrito Federal e o Amapá registraram os
maiores salários: o DF com uma remuneração média mensal 5,3 salários mínimos e
o Amapá com 3,7 salários, ambos seguidos pelo Rio de Janeiro e São Paulo com
3,3 salários mínimos cada. Esses dois estados concentram mais de um terço dos
assalariados do país. Já os menores salários foram anotados na Paraíba –
salário médio mensal de 2,1 salários mínimos -, seguido do Ceará e Alagoas: 2,2
salários mínimos cada.
Mulheres
mais impactadas
Segundo
o IBGE, as mulheres foram as que mais perderam postos de trabalho em empresas.
Em 2020, enquanto o número de homens assalariados caiu 0,9%, em relação a 2019
o total de mulheres recuou 2,9%. Dos 825,3 mil postos de trabalho perdidos
entre 2019 e 2020, 71,9%, o equivalente a 593,6 mil vagas, eram ocupados por
mulheres.
Diante
desse cenário, a participação feminina entre os assalariados das empresas
formais do país diminuiu, pela primeira vez, desde 2009. O percentual de postos
ocupados por mulheres passou de 44,8% em 2019 para 44,3% em 2020, a menor
participação feminina desde 2016.
“Apesar
de ser uma queda de 0,5%, ela revela um comportamento que tem relação com a
pandemia. Quando procuramos entender melhor esses números, o que encontramos
como justificativa são dois movimentos. Houve um crescimento de ocupações em
setores que usualmente empregam mais homens e, por outro lado, uma redução dos
segmentos que empregam mais mulheres”, explicou o gerente da pesquisa.
De
acordo com Ferreira, setores como o de construção, com empregados
majoritariamente homens, cresceram, enquanto segmentos com funcionários
majoritariamente mulheres – educação e alimentação – reduziram os postos no
primeiro ano de pandemia.
Perdas
em alimentação e cultura
Segundo
a pesquisa do IBGE, as maiores reduções de assalariados foram nos segmentos de
alojamento e alimentação, com uma queda de 373,2 mil; administração pública,
defesa e seguridade social ( 233,9 mil); e comércio, reparação de veículos
automotores e motocicletas (221,7 mil funcionários a menos).
Na
outra ponta, o aumento mais significativo foi no setor de saúde humana e
serviços sociais, com mais 139,3 mil assalariados.
O
gerente da pesquisa destacou, ainda, que as áreas de alimentação e de arte,
cultura, esporte e recreação tiveram as maiores perdas de assalariados da série
histórica. Esses percentuais são respectivamente 19,4% e 16,4%.
“As
características desses setores já contribuem para terem sofrido efeitos da
pandemia. Mais ainda a natureza da pandemia, que envolveu distanciamento
social. As pessoas não vão para restaurantes para evitar contaminação, têm
receio de comer fora, fora os lockdowns. Por mais que tivesse muita garantia de
segurança, [elas] não podiam sair”, explicou Ferreira.
O
Cempre é um banco de dados mantido pelo IBGE com informações cadastrais e
econômicas da grande maioria das empresas e outras organizações legalmente
constituídas no Brasil.
Integram
esse banco empresas inscritas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ),
da Secretaria Especial da Receita Federal. Microempreendedores individuais não
fazem parte do levantamento.
(Ceará
Agora)
(Foto: Reprodução)
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