A vacina contra a poliomielite, também chamada
de
paralisia infantil, é a única forma de prevenção comprovada
contra a doença. Os casos graves podem levar à paralisia muscular,
principalmente nos membros inferiores. O Ceará não tem novos casos confirmados
desde 1988, e o último no Brasil ocorreu um ano depois.
Em 1994, o Brasil recebeu da Organização
Mundial da Saúde (OMS) o certificado de eliminação da doença, mas existe um
alerta das autoridades de saúde para o retorno do vírus devido à baixa
cobertura vacinal em alguns países.
O balanço mais recente da Campanha Nacional de
Vacinação contra Poliomielite 2022, informado pelo Ministério da Saúde (MS),
indica que o Ceará tem 80,8% do público-alvo atingido.
Porém, Fortaleza tem apenas 48,4% de cobertura, abaixo da média nacional de
64,5%. A meta é de 95%.
“Toda a população com menos de 5 anos precisa
ser vacinada para evitar a reintrodução do vírus que causa a paralisia
infantil”, alerta o Ministério. O poliovírus, que invade o sistema e pode ser
transmitido muito rápido, também pode acometer adultos, de acordo com a
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O Programa Nacional de Imunização (PNI)
recomenda que a vacina inativada, em forma de injeção, deve ser aplicada aos 2,
4 e 6 meses de idade do bebê. A vacina via oral (em gotinhas), que serve como
reforço, deve ser dada entre os 15 e 18 meses e novamente até os 5 anos de
idade.
O Ceará está livre da poliomielite há 34 anos, de acordo com a Secretaria da
Saúde do Ceará (Sesa). O poliovírus selvagem foi isolado pela última vez em maio de
1988, no município de Crateús, na região Norte do estado.
Contudo, foi um
longo caminho para conter a doença que deixou sequelas importantes entre as
décadas de 1960 e 1980. As ações de combate no País começaram em 1961, mas só
em em 1971 foi instituído o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, devido
à ocorrência de surtos da doença em vários Estados.
Em 1978, a vacina da pólio foi incluída no
Programa Nacional de Imunização (PNI) e, em 1980, por meio da Campanha Nacional
de Vacinação contra a Poliomielite, passou a ser disponibilizada para todo o
território nacional com o objetivo de imunizar toda a população infantil
brasileira.
“A dose
milagrosa que pode evitar muitas tristezas”. Assim chamava matéria de capa do Diário
do Nordeste em agosto de 1982, convocando a população para a
campanha contra a poliomielite. Naquele ano, foram usados 4.658 postos de
imunização em todo o Estado, sendo mais de 400 volantes para atingir
localidades mais distantes.Izabella
Tamira, pediatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
do Ceará (UFC) - Campus Sobral, defende a educação continuada em saúde
como dos pilares mais importantes para a saúde pública, já que, “se a população
não tiver acesso à informação, fica mais difícil”.
Até
porque muitos de nós hoje não tivemos contato com o surto que foi a
poliomielite, com as sequelas que tiveram. Então, isso pode acabar passando batido,
não recebendo a devida importância, já que não fomos impactados com um surto de
poliomielite.
Izabella
Tamira
Pediatra
e professora
A docente também ressalta que alguns
responsáveis podem confundir as duas etapas da imunização
contra a poliomielite, que inclui tanto a vacinação por via intramuscular como
as campanhas de vacinação feitas com a gotinha, por via oral.
“O risco de diminuir essa cobertura é
aumentado pelo fato não só de não ter adesão à vacinação da pólio do
calendário, mas também por muitos pais acharem que, pelo calendário estar
completo, acabam não precisando ir para a campanha”, afirma.
A
especialista observa ainda que, como a pólio também pode ocorrer em adultos,
proteger as crianças - população mais facilmente acometida pelo vírus -
significa proteger a população em geral.
Apesar do resultado ainda abaixo do esperado,
a vacina continua disponível nos 116 postos de saúde de
Fortaleza, assegura a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Nos demais
municípios cearenses, a vacina deve ser buscada nas Unidades Básicas de Saúde.
‘Ameaça
continua’
De acordo com a Organização Pan-Americana da
Saúde (Opas), embora o último caso confirmado de poliomielite por poliovírus
nas Américas tenha ocorrido em 1991, “a ameaça continua”.
“Apesar
dos esforços para sua erradicação, no momento, em alguns países asiáticos,
ainda existem crianças com paralisia permanente por este vírus. Devido ao seu
risco de importação, o principal fator de risco para que crianças menores de 5
anos adquiram a doença é a baixa cobertura vacinal”, afirma.
No Brasil, o
primeiro surto de poliomielite foi descrito em 1911, no Rio de Janeiro. Na
década de 1930, outras capitais também foram atingidas. Porém, na década de
1950, “epidemias
cresceram de proporção e se espalharam por diversas cidades
brasileiras”, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Entre os anos de 1968 e 1989, o Brasil
contabilizou mais de 26 mil casos da infecção, conforme dados do Ministério da
Saúde. O último caso de poliomielite paralítica ocorreu em 1989, no município
de Souza, na Paraíba.
Quais
são os sintomas da poliomielite?
A poliomielite é uma doença contagiosa causada
por um vírus que vive no intestino, chamado poliovírus, que pode infectar
crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com
secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas e
provocar ou não paralisia.
Nos casos graves, em que acontecem as
paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos, de acordo
com o Ministério da Saúde. Os sintomas mais frequentes da doença são:
febre
mal-estar
dor
de cabeça, de garganta e no corpo
vômitos
diarreia
constipação
(prisão de ventre)
espasmos
rigidez
na nuca
flacidez
muscular (nas formas graves)
Quais
são as sequelas da poliomielite?
As sequelas da poliomielite estão relacionadas
com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente são motoras
e não têm cura. As principais são:
problemas
e dores nas articulações
pé
torto, sem que a pessoa consiga andar porque o calcanhar não encosta no
chão
crescimento
diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para
um lado
osteoporose
paralisia
de uma das pernas
paralisia
dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções
na boca e na garganta
dificuldade
de falar
atrofia
muscular
hipersensibilidade
ao toque
As sequelas da poliomielite são
tratadas através de fisioterapia, por meio da realização de
exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de
ajudar na postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos
das sequelas.
Além disso, pode ser indicado o uso de
medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.
Prevenção
da poliomielite
A vacinação é a única
forma de prevenção da doença. Todas as crianças menores de
cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina
e na campanha nacional anual.
Quais
são as reações adversas da vacina contra a poliomielite?
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
explica que as reações adversas são passageiras e desaparecem de 24 a 48 horas,
podendo incluir dor ou vermelhidão no local da injeção, febre moderada, dor de
cabeça ou dor pelo corpo.
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