Sobre o par de rodas de
uma moto, o aventureiro cearense Tony Guerra, de 55 anos, anseia conhecer todos
os continentes do mundo. A sede por aventuras vem desde a infância e culminou
em viagem de mais de 18 mil quilômetros que começou em setembro e chegou a
Fortaleza terra natal dele nessa quinta-feira, 28. A nova
jornada já passou nove países desde que Tony saiu de Massachusetts,
nos Estados Unidos.
O apreço pelas
motocicletas vem desde muito cedo, inspirado pela família, na qual todos os
homens dirigiam. Por volta dos 13 anos, Tony aprendeu a dirigir
veículos de pequeno porte e já percorria, com os parentes, trilhas curtas
pelo Ceará.
Quando mais velho, o que
eram viagens estaduais, passaram a ser nacionais e depois internacionais. A
primeira grande jornada para o exterior teve como destino os Estados Unidos,
onde vive com a esposa há 20 anos.
Tony conta que, apesar de
não saber ao certo com quantos anos deu início às longas viagens de moto, já
conheceu muitos lugares que marcaram sua vida e mudaram a forma de ele enxergar
o mundo. O principal deles foi a Amazônia, no Norte do Brasil.
“Fiz uma promessa para mim
mesmo: vou estender a minha voz pela Floresta Amazônica. Não só pelo
desmatamento, pela retirada de madeira ou pelo garimpo. Vai muito além disso.
Diz respeito a um povo que não deveria ser tratado da forma como são, é uma
realidade muito triste, dentro de um lugar fantástico”, relata Tony.
O modelo de expedição
favorito de Tony não é o convencional, pelas estradas oficiais que cruzam as
cidades. A preferência foi por percurso off-road, passando por trilhas
difíceis e locações, muitas vezes, inóspitas.
“Os motivos pelos quais
gosto do off-road é pela técnica, o manejo da motocicleta, a aventura e o
desafio dos obstáculos. Mas, em especial, pelo elo com a natureza, que é muito
importante para mim”, destaca.
Desafios enfrentados nas viagens e
novos destinos a serem traçados
Apesar dos cenários
paradisíacos já visitados pelo viajante e sua moto, ele já vivenciou grandes
desafios e teve de superar obstáculos que puseram sua vida em risco.
“Em 2016, eu tive um
acidente sério. Precisei operar a cervical, dois discos de vértebras e a
lombar. Passei de 2016 até 2020 sem pegar em moto. Foi chato. Nesse período,
comecei a ver pedaços de viagens de outras pessoas e juntei todas elas, fazendo
algumas alterações, para poder montar essa viagem”, conta o empresário.
No ano de 2021, Tony foi
liberado pelos médicos, mas estava temeroso em andar de moto novamente. Os
profissionais que cuidaram do caso, cientes da história de suas aventuras,
incentivaram o retorno às viagens.
E assim ele fez. A
primeira expedição após o acidente foi especial e teve uma paisagem conhecida
dos Estados Unidos: a Rota 66, a estrada mais famosa do mundo, que se inicia em
Chicago, Illinois, passando pelos estados de Missouri, Kansas, Oklahoma, Texas,
Novo México, Arizona e termina na cidade de Santa Mônica, na Califórnia. O
objetivo era conseguir chegar a tempo para assistir o surfista Gabriel
Medina ser consagrado tricampeão mundial de surfe da ASP World Tour em
dezembro de 2021. Meta que ele conseguiu alcançar com êxito.
“Depois que fiz essa
viagem em 2021, sem saber o que enfrentaria pela frente em relação à minha
saúde física e mental devido ao acidente, me senti pronto para colocar em
prática essa nova, em 2022. Pensei que tinha que ser agora, porque vou fazer do
jeito que eu gosto. Ou vai ou racha”, diz o aventureiro.
Nesta última aventura,
Tony atravessou nove países: EUA, México, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa
Rica, Panamá, Colômbia e Brasil. Magda Busgaib, irmã de Tony, diz que, mesmo
com a aflição da família por conta dos perigos vivenciados na estrada, todos se
sentem felizes por saber que ele está fazendo aquilo que ama.
“Acho que chega um tempo
na nossa idade em que precisamos buscar pelo melhor para nós, aquilo que nos
agrada e nos faz felizes. E como isso é o que ele gosta, a gente esquece um
pouco o outro lado e acredita que Deus está o acompanhando, que vai dar tudo
certo e já deu! Tanto que ele está aqui, firme e forte”, afirma a irmã.
Para as próximas
aventuras, os destinos já estão marcados, para dois continentes anda não
desbravados por ele. O primeiro é o africano, traçando vários países e
atravessando o deserto do Saara, já em 2023. E a grande viagem seguinte
do motoqueiro viajante deverá ser a Oceania, em 2024, quando
ele pretende cruzar todo o sul da Austrália.
(O Povo- Online)
(Foto: Samuel Setubal/Especial para O
Povo)
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