A operação "Não seja um laranja 2" foi deflagrada nesta
terça-feira, 30, pela Polícia Federal (PF). No Brasil foram 51 mandados de
busca e apreensão expedidos e cumpridos, sendo dois deles em Fortaleza, no
Ceará. O delegado Victor Mesquita, chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes
Cibernéticos (DRCC) destacou que o objetivo é desarticular esquemas de
criminosos que atuam em fraudes a contas bancárias eletrônicas. Essa é a
segunda fase da operação e teve também a participação da Interpol, por meio do
Centro de Crimes Financeiros e Anticorrupção.
Conforme o delegado, a Polícia Federal tem verificado a existência de
contas bancárias de pessoas físicas usadas de forma fraudentas. Elas emprestam
contas e dados para a fraudes. A Febraban, que também atuou na operação, junto
da PF, destacou que os golpes tem sido um dos principais vetores de
financiamento de organizações criminosas.
A maioria dessas pessoas são laranjas desavisados, ou seja, atuam de
forma inconsciente, sem saber que seus dados são usados por terceiros. Outra
parte repassa dados mediante pagamentos irrisórios, como R$ 100 e 200. Apesar
não ser maioria, o número de pessoas que querem obter lucros com o empréstimo
dessas contas cresceram.
Por meio de nota, a Febrabran e a PF alertaram a sociedade sobre o crime
de emprestar contas bancárias e receber créditos fraudulentos, além de trazer
prejuízos financeiros a milhares de brasileiros.
Fraudes bancárias: idosos são maioria das vítimas
De acordo com o titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos, a ideia
também é conscientizar as pessoas para que não forneçam seus dados a terceiros,
pois ela pode responder pelos mesmos crimes da organização criminosa com penas
que podem chegar a oito anos de prisão. A pena pode ter agravantes se o
servidor mantido para as transações for internacional ou se a vítima for uma
pessoa idosa ou vulnerável.
Elas vão responder por fraude bancária e furto qualificado.
Um golpe citado, que faz com que a pessoa se torne um "laranja
inconsciente" e que é muito comum é o de pessoas que pedem currículos para
obtenção de emprego. Essas ofertas vem, normalmente, apontando vantagem com uma
promessa de contratação imediata e altos valores para trabalhar sem sair de
casa, por exemplo. "Eles pegam seus dados, as fotos selfie, que são usadas
para reconhecimento de banco digital", destaca.
Ainda conforme o delegado Victor Mesquita, a grande regra é acreditar que
tudo é mentira até que consiga provar que é verdadeiro. "Promessas de
dinheiro fácil. Nada é fácil na vida, tem que desconfiar", comenta.
Essas ações de uso de dados tem o poder de modificar cadastros e até
roubar uma conta de aparelho celular, sendo possível fazer uso de contas
bancárias de terceiros. Atualmente, a maioria das vítimas de golpes e
que tem seus dados usados em fraudes bancárias são idosos.
Victor Mesquita explica que considerando o avanço da tecnologia é natural
que a criminalidade, assim como os demais fenômenos sociais, migrem para o
mundo virtual cibernético.
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos e seus bancos associados,
policiais federais e civis cumprem os mandados em 17 estados e no Distrito
Federal.
Além disso, a operação faz parte do projeto Tentáculos, que tem como um
dos principais pilares um acordo de Cooperação Técnica entre a Polícia Federal
e a Febrabran, que é vigente desde outubro de 2017 "e o qual se consolidou
como referência interna e internacional de cooperação público/ privada no
combate às fraudes bancárias eletrônicas", informou a Federação.
"Nos últimos anos a Polícia Federal detectou um aumento considerável
da participação consciente de pessoas físicas em esquemas criminosos, para os
quais emprestam suas contas de pagamento. Com a cessão das contas para receber
transações fraudulentas, possibilita a ocorrência de fraudes bancárias
eletrônicas", divulgou a Febraban.
Fraudes bancárias: mais de 8
milhões de pessoas vítimas de golpes financeiros em um ano no Brasil
Segundo o delegado chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos,
no Brasil são 2,2 milhões tentativas de fraudes financeiras em 2020, conforme o
levantamento do Banco Central. Atualmente, mais de oito milhões de brasileiros
foram vítimas de golpes financeiros nos últimos 12 meses. Esses dados são da
pesquisa da Confederação Nacional de dirigentes Lojistas e pelo Serviço de
Proteção ao Crédito. No mundo, as perdas devido a fraudes bancárias chegarão a
40 bilhões de dólares, conforme a Juniper Research.
Conforme o delegado, na contestação da Caixa Econômica Federal, do ano de
2008, são mais de 1,5 milhões com um valor aproximado de fraudes investigadas
de R$ 504.044,837, 96.
"A gente tem a base nacional, que é a base da tentáculos, que
começou em 2008. Ela recebe as contestações na CEF, mas não são todas as
fraudes, pois se a pessoa não contesta não vai para a base. Uma vez contestada,
a Caixa Econômica aceitou o prejuízo e pode virar uma investigação
criminal. A base é tão grande que até o momento a gente só conseguiu trabalhar
em aproximadamente 20% dela (19,36%)", explica.
Veja quais são os principais
golpes bancários
Phishing: esse tipo de fraude envolve o envio de e-mails
ou mensagens falsas que parecem ser enviadas por instituições financeiras, com
o objetivo de obter informações pessoais e financeiras dos usuários.
Skimming
(Chupa cabras - clonagem de cartão): os criminosos copiam informações de um
cartão bancário e fazem compras fraudulentas em nome do titular sem que o mesmo
ou a instituição financeira percebam o crime.
Roubo
de identidade: esse tipo de fraude envolve o uso ilegal das
informações pessoais de uma pesoa para obter crédito ou fazer compras em seu
nome.
Ataques
de Malware: os criminosos usam programas de Malware para infectar
computadores e obter acesso às informações financeiras dos usuários. Os números
de fraudes bancárias variam de país para país e ano a ano, conforme o delegado
Victor Mesquita.
(O Povo- Online)
(Foto: divulgação/ Polícia Federal )
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