Estudo aponta que mais de 1,3 bilhão de pessoas viverão com diabetes até 2050
A prevalência
de diabetes, um problema de saúde global, cresce significativamente,
superando a maioria das doenças, de acordo com um alerta publicado nos
periódicos científicos Lancet e Lancet Diabetes & Endocrinology nesta
quinta-feira (22).
Apesar do aumento da conscientização e dos esforços multinacionais contínuos, o
cenário epidemiológico da doença é afetado por questões como o racismo
estrutural, que afeta a vida de grupos étnicos minoritários, e a desigualdade
geográfica vivenciada por países de baixa e média renda.
As estimativas projetam que, sem uma estratégia de mitigação eficaz, mais
de 1,3 bilhão de pessoas viverão com diabetes até 2050, uma das principais
causas de morte e incapacidade em todo o mundo.
Os pesquisadores projetam que nenhum país deve testemunhar um declínio nas
taxas de diabetes padronizadas por idade nas próximas três décadas, com as
regiões mais afetadas da Oceania, Norte da África e Oriente Médio atingindo
níveis de diabetes superiores a 20% em muitos países, juntamente com Guiana no
Caribe.
Os artigos publicados destacam como a carga global cada vez maior do diabetes é
ainda mais exacerbada pela desigualdade em grande escala na prevalência, doença
e morte. As estimativas indicam que mais de três quartos dos adultos com a
doença crônica viverão em países de baixa e média renda até 2045, dos quais
menos de 1 em cada 10 receberá tratamento abrangente.
Da mesma forma, em países de alta renda como os Estados Unidos, as taxas de
diabetes são quase 1,5 vezes maiores entre os grupos étnicos minoritários —
como indígenas americanos e nativos do Alasca, negros, hispânicos e asiáticos
em comparação com as populações brancas.
As análises apontam que pessoas de comunidades marginalizadas em todo o mundo
têm menos probabilidade de ter acesso a medicamentos essenciais — como insulina
— e novos tratamentos, têm pior controle de açúcar no sangue e têm menor
qualidade de vida, além de expectativa de vida reduzida.
Além disso, a pandemia de Covid-19 ampliou a desigualdade do diabetes globalmente.
Pessoas com a doença tiveram 50% mais chances de desenvolver infecções graves e
duas vezes o risco de morte em comparação com pessoas sem o problema.
Diante desse cenário, os autores destacam intervenções que demonstraram
potencial na redução das desigualdades de acesso aos cuidados para a doença.
“O diabetes continua sendo uma das maiores ameaças à saúde pública de nosso
tempo e deve crescer intensamente nas próximas três décadas em todos os países,
faixas etárias e sexos, representando um sério desafio para os sistemas de
saúde em todo o mundo”, disse a líder dos estudos Shivani Agarwal, pesquisadora
do Fleischer Institute for Diabetes and Metabolism, em comunicado.
A pesquisadora argumenta que o foco central e a compreensão da desigualdade no
diabetes são vitais para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das
Nações Unidas (ONU). As metas incluem reduzir as doenças não transmissíveis em
30% em menos de sete anos e minimizar os efeitos cada vez mais negativos sobre
a saúde das populações marginalizadas e a força das economias nacionais nas
próximas décadas.
“Esta série oferece uma oportunidade importante para uma ação pragmática e
coordenada para transformar as abordagens de tratamento do diabetes e os
resultados para populações marginalizadas em todo o mundo”, diz.
Os pesquisadores avaliam que fatores estruturais e sociais desempenham um papel
importante na formação dos resultados e cuidados com o diabetes.
A série de estudos descreve como os efeitos em larga escala e profundamente
enraizados do racismo estrutural e da desigualdade geográfica levam a impactos
desiguais dos determinantes sociais da saúde na prevalência, cuidados e
resultados globais do diabetes sobre a vida. O conceito de determinantes da
saúde considera as condições sociais e econômicas nas quais as pessoas vivem e
trabalham, bem como seus impactos.
“As políticas racistas, como a segregação residencial, afetam o local onde as
pessoas vivem, seu acesso a alimentos saudáveis e serviços de saúde
suficientes”, explica o coautor Leonard Egede, professor do Medical College of
Wisconsin, EUA.
“Essa cascata de aumento da desigualdade no diabetes leva a lacunas
substanciais nos cuidados e resultados clínicos para pessoas de grupos raciais
e étnicos historicamente desprivilegiados, incluindo negros, hispânicos e
indígenas”, completa.
(Sobral Portal de Notícias)
(Foto: Reprodução)
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