Seis pessoas em trabalho análogo a escravidão são resgatadas em bairros nobres de Fortaleza

 



Seis pessoas que trabalhavam em situação análoga à escravidão em duas obras em bairros nobres de Fortaleza foram resgatadas pela Superintendência Regional do Trabalho no Ceará (SRTb/CE) entre os dias 28 de junho e 3 de julho. Outras 18 também estavam em risco e não tinham anotação em carteira de trabalho.

Os trabalhadores haviam sido trazidos dos municípios de Itapipoca, Maranguape, Pacoti e Ipu e estavam em condições análogas a escravidão desde janeiro de 2023, sem carteira assinada e recebendo diárias pelo trabalho realizado. Três trabalhadores foram resgatados em cada obra.

Trabalhadores também foram enviados às suas cidades de origem e devem receber três parcelas de seguro desemprego. Empregadores pagaram mais de R$ 36 mil às pessoas resgatadas a título de verbas rescisórias.

Os resgates ocorreram após fiscalizações de rotina no setor da construção civil, durante as quais foi constatado que os trabalhadores dormiam nas obras e não tinham condições adequadas de alojamento e higiene, além de estarem expostos a riscos graves. Os trabalhadores dormiam em redes improvisadas apoiadas nas vigas que sustentavam a laje e não tinham locais para armazenar pertences ou mantimentos.

Entre os riscos expostos pela fiscalização estavam a possibilidade de queda em altura na laje superior, de perfuração por falta de proteção de pontas de vergalhão, de choque e de incêndios, devido a instalações elétricas precárias, com fiação exposta.

Os trabalhadores também não utilizavam equipamentos de proteção individual adequados. Alguns possuíam botas, a maioria havia sido comprada com dinheiro próprio, segundo a fiscalização. 

Ambas obras foram embargadas até a regularização de todos os funcionários. A Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará (Sedih) vai atuar no acompanhamento psicossocial das vítimas. 

"Não é proibido o trabalhador morar na obra, desde que exista alojamentos necessários para que ele fique. Além disso, é necessário que, em uma obra dessa, exista equipamentos de proteção do trabalhador - que é a segurança do trabalho, os chamados EPI's, ou seja, se ele tem equipamentos como capacete, luvas, botas - e tenha as condições de higiene para que ele se alimente na obra. Ele tem que ter sua carteira de trabalho registrada. Sem um desses direitos, é constatada uma condição análoga a escravidão," explica Jalmi Teles, articulador do eixo de combate ao trabalho escravo da Sedih.

O pós-resgate é realizado por uma equipe multidisciplinar, com psicólogos e assistentes sociais, para impedir que tenham de retornar à mesma situação ou a uma situação semelhante. O acompanhamento também tem como objetivo a capacitação dessas pessoas e o auxilio para que sejam reintegrados ao mercado de trabalho.

"O desafio é porque muitos trabalhadores são do Interior e a gente precisa movimentar essa rede para que o trabalho possa acontecer, então a gente vai fazer várias parcerias para que o trabalhador seja capacitado porque muitas vezes esses trabalhadores têm escolaridade muito baixa e a gente precisa capacitá-los para que a gente possa reinseri-los no mercado de trabalho," coloca Jamil Teles.

Ele explica que, para o acompanhamento, a Secretaria colhe os dados desses trabalhadores, para detectar as necessidades básicas de cada pessoa em diferentes âmbitos da esfera social, destacando a importância do trabalho em rede das instituições, inclusive das políticas de assistência social dos municípios e prefeituras.

Para denunciar uma situação de violação de Direitos Humanos, é possível utilizar o Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos do Ceará.

(O Povo- Online)

 (Foto: Auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego) 

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