Em 2023, os casos de dengue no Ceará tiveram
diminuição de 63,2%, quando comparados aos de 2022. Foram 14.151 casos
confirmados da doença, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). No
ano anterior, o número chegou a 38.487. Em Fortaleza,
a quantidade de registros também diminuiu em 70%.
A partir de fevereiro, 16 estados e o Distrito Federal serão contemplados
com a vacina contra a dengue, distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nenhum município cearense foi incluído na primeira remessa.
O Ceará segue a tendência de outros estados do Nordeste, que também
apresentaram redução no número de casos no período. As regiões Sul e Sudeste foram as que tiveram maior
crescimento de infecções pela doença.
Ana Cabral, coordenadora de Vigilância Epidemiológica do Estado, explica
que estados com maior incidência de casos foram priorizados pelo Ministério da
Saúde devido à capacidade insuficiente de produção de doses da vacina por parte
da farmacêutica responsável. “O estado do Ceará, analisando nos últimos anos,
não tem ocorrência elevada de casos como nós temos hoje em dia na região do Sul
e Sudeste”, afirma.
A redução registrada em 2023 não pode ser explicada por um único fator,
segundo Nélio Moraes, coordenador de Vigilância em Saúde de Fortaleza. Aspectos
como calor, chuva e umidade, bem como a exposição prolongada da população aos
sorotipos 1 e 2 da dengue, adquirindo imunidade, podem influenciar.
Ele também destaca as ações de controle feitas pela pasta para diminuir a
quantidade de focos de Aedes Aegypti na Capital, prevenindo a proliferação do
mosquito e, consequentemente, a transmissão das arboviroses. O coordenador
lamenta Fortaleza não receber doses da vacina, mas reconhece que há municípios
em situação mais crítica.
“Fizemos o dever de casa,
respondemos à altura, mas nesse cenário ficamos de fora. Mas espero que em
2025, em harmonia com o laboratório, a produção seja ampliada e que a gente
tenha vacina suficiente para proteger a população”, diz. O Ministério da Saúde
realizou a compra de 5,2 milhões de doses para 2024 e 9 milhões para 2025.
Ressurgimento de sorotipo 3
preocupa
Quem se infecta com um sorotipo da dengue adquire imunidade contra ele.
No entanto, ainda está suscetível a infecções por outros sorotipos da doença.
No Ceará, o sorotipo DENV 1 e 2 são predominantes há anos, o que significa que
grande parte da população já teve contato com eles. Já os DENV
3 e 4 não causaram tantas doenças no Estado. Por isso, o
ressurgimento do sorotipo 3 em Pernambuco no fim de 2023
preocupa.
Para Nélio, é possível que o sorotipo chegue ao Ceará devido ao
intercâmbio intenso entre os dois estados. Como a última vez que o DENV 3 foi
detectado no Estado foi em 2015, há uma parcela da população que
não tem imunidade contra ele, pois nunca foi infectada. Isso
pode resultar em um aumento de casos. “É aí que mora realmente o imenso perigo
para todos nós”, diz.
“Sempre que é introduzido um novo sorotipo é uma preocupação”, diz Ana
Cabral. A coordenadora acredita que é preciso fortalecer a rede de saúde e seguir
os protocolos de contingência e controle do vetor da doença.
Devido ao caráter endêmico da dengue, com casos sendo registrados todos os
anos, a preparação para o combate precisa ocorrer independente de novos
sorotipos ou fatores climáticos agravantes, como o El Niño.
(O Povo- Online)
(Foto: Alexia Vieira)
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