Ceará tem quatro cidades entre as 50 mais violentas do Brasil
Quatro cidades
do Ceará estão entre as 50 mais violentas do Brasil, considerando as taxas de
homicídios nos municípios com mais de 100 mil habitantes. Os dados se referem
aos registros de 2022 e foram publicados no Atlas da Violência 2024, estudo do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP) divulgado nesta terça-feira (18).
Ocupando
a 18ª posição geral no ranking geral, Maracanaú foi a
cidade cearense com maior taxa de homicídios da lista, com estimativa de
58 homicídios por 100 mil habitantes.
As
outras três cidades que aparecem entre as 50 mais violentas são Caucaia
(56,2), Sobral (48,3) e Fortaleza (45,3).
A
metodologia do Atlas leva em conta o número de homicídios estimados, incluindo
os que foram registrados e somando aos homicídios ocultos (ver
abaixo). Segundo o estudo, esse dado traz mortes
violentas que não foram assinaladas como homicídio pelo estado, mas que têm
grande probabilidade de serem homicídios.
Confira as 50 cidades com maiores
taxas de homicídios estimados por 100 mil habitantes:
- Santo
Antônio de Jesus (BA) - 94,1
- Jequié
(BA) - 91,9
- Simões
Filho (BA) - 81,2
- Camaçari
(BA) - 76,6
- Juazeiro
(BA) - 72,3
- Altamira
(PA) - 71,3
- Sorriso
(MT) - 70,5
- Cabo
de Santo Agostinho (PE) - 66,9
- Salvador
(BA) - 66,4
- Feira
de Santana (BA) - 66,0
- Mossoró
(RN) - 64,3
- Itabaiana
(SE) - 60,9
- Itaguaí
(RJ) - 59,9
- Eunápolis
(BA) - 59,8
- Ilhéus
(BA) - 59,3
- Luís
Eduardo Magalhães (BA) - 58,4
- Queimados
(RJ) - 58,4
- MARACANAÚ (CE) - 58,0
- Teixeira
de Freitas (CE) - 57,8
- Vitória
de Santo Antão (PE) - 57,4
- CAUCAIA (CE) - 56,2
- Macapá
(AP) - 55,8
- Manaus
(AM) - 55,7
- São
Gonçalo do Amarante (RN) - 54,4
- Marituba
(PA) - 53,7
- Marabá
(PA) - 53,3
- Santana
(AP) - 53,0
- Paranaguá
(PR) - 52,8
- Itaituba
(PA) - 51,9
- Lauro
de Freitas (BA) - 51,1
- Alagoinhas
(BA) - 51,0
- Porto
Seguro (BA) - 49,9
- Paragominas
(PA) - 49,3
- Nossa
Senhora do Socorro (SE) - 48,9
- Camaragibe
(PE) - 48,7
- Parauapebas
(PA) - 48,5
- Garanhuns
(PE) - 48,4
- SOBRAL (CE) - 48,3
- Rio
Grande (RS) - 47,9
- Itabuna
(BA) - 47,7
- Porto
Velho (RO) - 47,6
- Parnaíba
(PI) - 47,5
- Ji-Paraná
(RO) - 47,5
- Castanhal
(PA) - 45,8
- Patos
(PB) - 45,6
- Santa
Rita (PB) - 45,4
- FORTALEZA (CE) - 45,3
- Cariacica
(ES) - 45,0
- Serra
(ES) - 44,9
- Recife
(PE) - 44,7
Dentre as capitais, Fortaleza aparece como a quinta
mais violenta do Brasil. As que têm maiores taxas de
homicídio no ranking são: Salvador, Macapá, Manaus e Porto Velho.
O
estudo mostra também que o Ceará é o segundo estado do Nordeste como maior taxa
de homicídios estimados, com taxa de 39,0 homicídios por 100 mil habitantes
ficando atrás apenas da Bahia (com taxa de 46,8 por 100 mil habitantes).
Outros resultados do Ceará no Atlas:
- No
Nordeste, as maiores taxas de homicídios se concentram nos municípios
litorâneos e arredores das regiões metropolitanas. O Ceará é um
dos estados onde há também elevadas taxas no interior.
- Apenas
oito cidades do Ceará tinham mais que 100 mil habitantes em 2022. As que
não aparecem na lista de 50 mais violentas do país são: Maranguape
(43,8), Crato (34,3), Juazeiro do Norte
(29,7) e Itapipoca (15,3).
- Uma
cidade que chama a atenção é São João do
Jaguaribe, que teve 14 homicídios registrados em 2022. Como tem
menos de 6 mil habitantes, ela ficou com uma taxa de homicídios de 239,1.
O estudo ressalta mortes por motivação política no passado recente do
município, no Vale do Jaguaribe.
- Conforme
o estudo, o Ceará tem tendência de queda nos homicídios desde 2018.
A dinâmica pode ser explicada pelo aumento das prisões qualificadas por
crimes como homicídio e tráfico de drogas após a chegada de mais policiais
e investimentos em inteligência e repressão ao crime organizado.
O
Atlas destaca, também, que apenas no começo de 2024 o governo estadual anunciou
um programa integrado de
segurança voltado para as cidades da Região Metropolitana de Fortaleza.
Ainda segundo o estudo, a presença
de quatro facções criminosas está relacionada aos assassinatos registrados no
Ceará no ano de 2022. O levantamento aponta a presença de quatro facções
no estado: CV, Guardiões do Estado, PCC e Massa Carcerária.
"Esta última (Massa Carcerária), dissidente do
CV, passou a atuar em bairros da capital, além de Caucaia (onde são maioria) e
Itapipoca, desde 2021. Neste município, um movimento recente é a invasão de
facções criminosas nas terras indígenas, que os invadem para buscar esconderijo
ou local de desova de corpos", cita o Atlas da Violência.
O Atlas complementa a análise sobre os dados de 2022
lembrando que uma série de homicídios foi realizada com a tentativa frustrada
da entrada do Terceiro Comando Puro (aliado da GDE) no território. Um desses
crimes foi a chacina da comunidade do
Lagamar, com quatro mortos.
Ceará é o terceiro em homicídios
ocultos
O Ceará é o terceiro estado que teve o maior número
de mortes por causa indeterminada com características de homicídio. Foram 589
ocorrências, o que corresponde a 9,85% dos homicídios estimados (veja
metodologia abaixo).
Os seguintes estados lideram o ranking de homicídios
ocultos: São Paulo (2,4 mil homicídios) e Rio de Janeiro (843 homicídios).
- Os pesquisadores estimaram o número
com base em registros oficiais em que o Estado não conseguiu definir a
causa da morte (se decorrente de homicídio, acidente ou suicídio);
- De acordo com o levantamento, parte
dessas mortes violentas por causa indeterminada são, na verdade,
homicídios que ficaram ocultos nas estatísticas, fator que
prejudica as análises sobre prevalência da violência letal.
O Atlas é feito com base em dados do Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan), ambos do Ministério da Saúde, e diferem dos dados
repassados pelas secretarias da Segurança, utilizados no Monitor da Violência e
no Anuário de Segurança Pública.
Para tentar contornar a possível falta de dados, os
pesquisadores utilizaram inteligência artificial (machine learning)
para estimar a quantidade de homicídios ocultos presentes no conjunto de mortes
violentas por causa indeterminada.
- Eles fizeram isso a partir de um
grande banco de dados sobre características pessoais e situacionais;
- E definiram se a ocorrência de
morte foi provocada, provavelmente, por acidente, suicídio ou homicídio;
- A análise se baseou em microdados
de óbitos por causas não naturais (ou violentas) ocorridas no Brasil entre
1996 e 2022.
Uma das consequências do uso desta metodologia foi
uma mudança na análise para o estado de São Paulo, que deixa de ser o estado
menos violento do Brasil e passa a ser o terceiro menos violento.
(G1)
(Foto: Thiago
Gadelha/SVM)
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