Tubarão, cavalo e saxofone gigante: artesão cearense transforma sucata em esculturas sustentáveis
Dos metais que seriam descartados,
nascem novas esculturas. Tubarões, corujas, guitarras, saxofones e até cavalos.
Todas estas já foram criações do cearense Jackson Alves, que transforma sucata
em arte. Morador de Pacatuba,
na região metropolitana de Fortaleza, ele
começou inventando peças nos intervalos do trabalho com soldagem.
As primeiras inspirações estão ainda na infância e
na adolescência, vividas no Conjunto Alvorada, na capital cearense. Ao
brincar na rua, Jackson e os amigos faziam vários desenhos nas calçadas: dos
personagens de anime e dos quadrinhos brasileiros.
É desenhando que Jackson, também conhecido como
Jackson Metal Arte, começa a planejar uma nova escultura. Depois, o processo
envolve a construção com as peças disponíveis ou até doadas pela empresa onde
ele começou a trabalhar como soldador.
Atualmente, o artesão constrói peças de diversos
portes que representam animais, instrumentos musicais, flores e diversos
formatos novos que surgem da inspiração ou das encomendas de clientes.
Soluções
em tempos difíceis
Ele encontrou oportunidades em uma empresa voltada
para a construção de estufas agrícolas. Após passar por vários setores, Jackson
começou a atuar como soldador.
“A partir do primeiro ponto de
solda que eu dei, eu me apaixonei. Com um ano, eu já estava começando a fazer
umas pecinhas de metais. Eu utilizava porcas, parafusos, coisas simples mesmo.
Fazia uns bonequinhos simples, depois fiz umas galinhas”, recorda Jackson.
Neste primeiro momento, ele brincava com as
possibilidades e se aperfeiçoava enquanto dava as peças de presente para amigos
e familiares.
A primeira escultura de grande porte foi um jacaré,
com cerca de 2 metros. Jackson levou sete meses até concluir a peça, que foi
dada para o pai.
Investindo
nas próprias habilidades
Em 2019, ele resolveu abrir um pequeno espaço de
trabalho no terreno de casa, onde passou a fazer as próprias esculturas em
metal. E se dedicava à arte nos fins de semana e nos momentos de folga.
“Foi no meu ‘puxadinho’ que eu
comecei a fazer uns vídeos. Era bem no meu começo com essa parte de filmagem,
era mais um hobby mesmo”, conta Jackson.
No ano seguinte, ele ficou sabendo de uma competição
de soldagem artística, realizada no Rio Grande do Sul. A escultura de um
tubarão-martelo foi a representante dele na disputa, alcançando o sétimo lugar.
Segundo o artista, peças dele já foram enviadas para
outros estados do Brasil e também para um cliente que mora no Japão.
Mais oportunidades vieram quando ele obteve a
carteira de identidade artesanal conferida pela Central do Artesanato do Ceará
(CeArt) e passou a participar de feiras e eventos para mostrar o próprio
trabalho.
Projeções
para o futuro
O artesão ainda concilia o trabalho em casa com
treinamentos para novos soldadores e serviços de serralheria. Dentre as
produções artísticas dele, estão esculturas de aves, répteis, flores e
instrumentos musicais.
Alguns dos trabalhos recentes que ele destaca são um
elmo e um letreiro para um evento de policiais no Ceará, além de um saxofone
gigante produzido para uma organização social de Fortaleza (ver vídeo no
início da reportagem).
“Eu sempre sonho alto. O que eu
penso para o futuro agora é conhecer o Brasil, conhecer o meu país com a minha
arte, participar de exposições. E, quem sabe, ir para fora do Brasil”, projeta
Jackson, que ainda não conheceu lugares fora do Ceará.
Em um caminho de aperfeiçoamento contínuo, o
soldador aprende com os próprios experimentos e busca sempre se desafiar com
novas peças. Ele busca também aprender novas técnicas de modelagem para começar
a trabalhar com esculturas mais detalhadas de rostos humanos.
As primeiras tentativas têm sido uma homenagem a uma
das referências dos seus tempos de criança: o personagem Goku, da franquia
Dragon Ball.
(G1)
(Foto: Arquivo
Pessoal)
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