Megaoperação desmantela esquema bilionário do PCC com operadores da Faria Lima

 



Uma megaoperação deflagrada nesta quinta-feira, 28 de agosto, pela Receita Federal e Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelou o maior golpe já registrado contra o Estado brasileiro, envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e operadores financeiros da Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. A investigação, batizada de Carbono Oculto, cumpre 350 mandados de busca e apreensão e de prisão em oito estados e bloqueou mais de R$ 1 bilhão em bens.

O esquema

Segundo a força-tarefa, o grupo movimentou mais de R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024 por meio de 1.200 postos de combustíveis, mas pagou apenas R$ 90 milhões em impostos, o equivalente a 0,17% do total. Além disso, utilizou 40 fundos de investimento com patrimônio estimado em R$ 30 bilhões para lavar e blindar recursos ilícitos.

O esquema abrangia toda a cadeia de combustíveis, da importação irregular de metanol à adulteração, distribuição e venda ao consumidor final. A fraude também envolvia fintechs, usadas como “bancos paralelos” para dificultar o rastreamento do dinheiro. Uma única instituição de pagamento movimentou R$ 46 bilhões em quatro anos, sendo que apenas entre 2022 e 2023 foram registrados 10,9 mil depósitos em espécie, somando R$ 61 milhões.

Principais alvos

O epicentro do esquema seria o empresário Mohamad Hussein Mourad, conhecido como “Primo” ou “João”, ligado à distribuidora Aster Petróleo e à formuladora Copape. Ele atuava em parceria com Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”.

Outros alvos:

  • Marcelo Dias de Moraes, presidente da Bankrow Instituição de Pagamento.
  • Camila Cristina de Moura Silva Caron, diretora da BK Instituição de Pagamento, apontada como “banco paralelo” do esquema.
  • Valdemar de Bortoli Júnior, ligado à Rede Sol Fuel e à Duvale.
  • José Carlos Gonçalves, o “Alemão”, ligado ao PCC.
  • Lucas Tomé Assunção, contador da GGX Global Participações (dona de 103 postos) e da Usina Itajobi.
  • Marcello Ognibene da Costa Batista, contador de empresas com indícios de fraude societária.
Instituições financeiras e fundos envolvidos

A lista de alvos inclui dezenas de instituições de pagamento e fundos de investimento, entre eles:

  • BK Instituição de Pagamento S.A.
  • Bankrow Instituição de Pagamento S.A.
  • Trustee DTVM Ltda.
  • Reag DTVM S.A.
  • Banco Genial S.A.
  • Brazil Special Opportunities Fund
  • Zurich Fundo de Investimento Multiestratégia
  • Pegasus FIP Multiestratégia
  • Reag High Yield FIDC
  • Olimpia FIM Crédito Privado
  • Pinheiros FII
  • Toronto FII
Blindagem e ocultação

A lavagem de dinheiro era sustentada pela compra de usinas sucroalcooleiras, 1.600 caminhões de transporte, mais de 100 imóveis, entre eles uma casa em Trancoso (BA) avaliada em R$ 13 milhões e seis fazendas em São Paulo avaliadas em R$ 31 milhões.

Os fundos de investimento, em sua maioria fechados e com apenas um cotista, criavam camadas de ocultação que impediam a identificação dos beneficiários finais.

Estrutura criminosa

As investigações mostram que o grupo usava:

  • Importadoras para trazer combustíveis do exterior com notas falsas;
  • Formuladoras e distribuidoras para adulteração e sonegação;
  • Postos e conveniências para lavar dinheiro com movimentações em espécie;
  • Fintechs para ocultar fluxos financeiros com “contas-bolsão”;
  • Fundos de investimento para blindagem patrimonial.
Operação

A Carbono Oculto mobilizou 350 servidores da Receita Federal, agentes do Gaeco/MPSP, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Civil e Militar, além da ANP e da Procuradoria-Geral do Estado.
Os mandados foram cumpridos em São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Nome da operação

Carbono Oculto simboliza o dinheiro escondido na cadeia de combustíveis, em referência ao elemento químico presente na gasolina e ao mecanismo de ocultação via fintechs e fundos de investimento.

(Portal folha do vale)

(Foto: Reprodução)

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