Ceará é o 2º estado brasileiro com mais crianças vivendo abaixo da linha da pobreza

 



O Ceará só fica atrás do Maranhão entre as maiores porcentagens (56,41%) de meninos e meninas vivendo em uma casa na qual a renda familiar está abaixo da linha da pobreza, atualmente definida por uma renda familiar mínima mensal de R$ 541. Os dados são do estudo "Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil", feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com dados referentes aos anos de 2016 a 2022.

Em números absolutos, são 901 mil (38,85%) crianças e adolescentes vivendo com privação intermediária de renda e 407 mil (17,56%) com privação extrema de renda, com R$ 220 por mês.

É nesta dimensão que se acentua os contrates regionais do Brasil. Os 13 estados com a maiores porcentagens de privação extrema do direito à renda são do Norte e do Nordeste. Enquanto no Maranhão 22,45% dos jovens até 17 anos vivem em casa nesta condição, em Santa Catarina é 1,91%.

Cerca de 31 milhões de crianças e adolescentes brasileiros têm privação de direitos. O número representa 60,3% desta população, percentual parecido com o apresentado pelo Ceará, de 61,3%.

Foram considerados os direitos fundamentais nas dimensões de educação, saneamento, água, alimentação, informação e renda. Neste último, o Ceará ocupa lugar de destaque no ranking brasileiro.

 

"A pobreza na infância e adolescência vai além da renda, e precisa ser olhada em suas múltiplas dimensões", explica Santiago Varella, especialista em Políticas Sociais do Unicef no Brasil. A pobreza multidimensional que considera estar fora da escola, não ter acesso à saneamento, alimentação adequada ou informações. 

Saneamento é outra privação pela qual passam as crianças e os adolescentes do Ceará. Quase metade desta população, o que significa pouco mais de um milhão de pessoas, têm privação intermediária de saneamento básico, pois dividem o banheiro com pessoas de fora do domicílio. Outros 139 mil vivem com privação extrema no Estado, sem banheiro em casa e com esgoto a céu aberto.

O estudo quis exatamente identificar a intensidade com que cada privação afeta cada indivíduo: se intermediária (quando há acesso ao direito de forma limitada ou com má qualidade) ou extrema (sem nenhum acesso ao direito). 

Alfabetização

Na dimensão Educação, o estudo considerou privação a falta de acesso à escola na idade certa e a alfabetização. Entre 2016 e 2022, é possível identificar o efeito da pandemia de Covid-19.

Até 2019, há um aumento "sutil" no acesso à alfabetização, com redução de 1 ponto percentual na proporção de crianças com privação intermediária. Entre 2019 e 2022, houve crescimento de 2,4 pontos percentuais.

Para as crianças com 7 anos, o analfabetismo passou de 20,5% em 2019 para 25,2% em 2020. Em 2022 atingiu 40,3%. Se considerada a idade de 8 anos, a taxa de analfabetismo passa de 8,5% em 2019 para 20,8% em 2022. 

O recorte de raça/cor também mostra a desigualdade racial: o analfabetismo entre crianças de 7 a 10 anos é de 21,8% para as negras e de 15,1% para as brancas. Dos 7 aos 10 anos, entre pessoas negras, a taxa de analfabetismo é de 8,2%, enquanto para as brancas é de 6,1%.    

Os dados utilizados no estudo são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). 

Ceará: quantas crianças têm alguma privação no estado?

Crianças e adolescentes de 0 a 17 anos com privações intermediárias e extremas em 2022, no Ceará (porcentagem e em milhares)

EDUCAÇÃO

  • Privação intermediária - 5,99% (138 mil crianças)
  • Privação extrema - 2,29% (53 mil crianças)

INFORMAÇÃO

  • Intermediária - 3,69% - 85 mil 
  • Extrema - 0,40% - 9 mil

MORADIA 

  • Intermediária - 6,03% - 139 mil
  • Extrema - 3,45% - 80 mil 

ÁGUA

  • Intermediária - 4,70% - 109 mil
  • Extrema - 4,70% - 109 mil

SANEAMENTO

  • Intermediária - 44% - 1.022,9
  • Extrema - 6% - 139 mil 

RENDA

  • Intermediária - 38,8% - 901 mil
  • Extrema - 17,56% - 407 mil

 (O Povo- Online)

 (Foto: Sara Oliveira)

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